01 julho 2021

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1533


Minari

Título original: Minari


De: Lee Isaac Chung

Com: Steve Yeun, Alan Kim, Yeri Han, Noel Kate Cho

Género: Drama

Classificação: M/12

Outros dados: EUA, 2020, 115 min.



SINOPSE

Década de 1980. David, de sete anos, muda-se com os pais, imigrantes sul-coreanos, para uma zona rural do Arkansas. A vida ali é difícil e os pais arriscam todas as poupanças ao tentar criar uma quinta em solo inexplorado. Perante tanta imprevisibilidade, será a chegada da avó Soonja, uma pessoa muito peculiar, a ajudar David a adaptar-se àquele lugar. 


Um drama semibiográfico sobre o “sonho americano”, escrito e realizado pelo americano de ascendência coreana Lee Isaac Chung (“Munyurangabo”, “Lucky Life”, “Abigail Harm”). (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

ÓSCARES 2021: Vencedor de Melhor Atriz Secundária entre 6 nomeações: Melhor Filme, Realização, Melhor Ator (Steve Yeun), Argumento Original, Banda Sonora.


BAFTA 2021: Vencedor de Melhor Atriz Secundária entre 6 nomeações: Filme Língua Não Inglesa, Realização, Ator Secundário (Alan S. Kim), Banda Sonora e Elenco.


Ind. Spirit Awards: Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Edição, Melhor Fotografia


Golden Globes 2021: Vencedor de Melhor Filme e Melhor Realização


Festival de Sundance 2020 - Grande Prémio do Júri e Prémio do Público


Critics’ Choice Awards: Prémio de Melhor Jovem Ator para Alan Kim, de oito anos



Independent ★★★★★

The Guardian ★★★★

Plano Crítico ★★★★

c7nema ★★★★

Público ★★★



Notas da Crítica:


«De uma rara beleza ... imperdível.» - Entertainment Weekly


«Vai partir-vos o coração para depois juntar os pedaços e reconstruí-lo mais forte do que antes.» - The Boston Globe


«É um ótimo filme, inteligente, subtil, quase sem drama, quase sem “tema”, que nos deixa — e vai sendo uma raridade — a sós com o cinema.» - Público


«Simplicidade é a força de drama sobre família coreana à procura do sonho americano» - Hugo Gomes, Sapo Mag


«Minari is a story of the American Dream. But Chung's brilliance is in how he adds depth and complexity to those foundational ideas - it's in the spaces in between that we find love, loss, hope, and regret.» - Independent



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Realismo americano, realismo sul-coreano


“Convenhamos que o mundo global em que vivemos (ou imaginamos viver) relançou um cliché narrativo: cada história que se conta nasce, ou pode nascer, das "diferenças" culturais entre os protagonistas e o contexto em que evoluem... Dito de outro modo: o "elogio da diferença" está em todos os discursos, dos mais ousados aos mais conformistas.


Convenhamos também que "Minari" merece o benefício da dúvida. Mais do que isso: o filme realizado pelo americano, de ascendência sul-coreana, Lee Isaac Chung nasce de um real e sincero empenho em não reduzir as personagens a estereótipos ou as situações a simbologias esquemáticas — e para tal não será indiferente, por certo, o facto de este ser um projecto que integra algumas componentes autobiográficas.


A história da família da Coreia do Sul que se instala numa zona rural do Arkansas, corria o ano de 1983, com Ronald Reagan na presidência dos EUA, existe, assim, como uma colagem de momentos de delicado realismo. A sua envolvência é tanto maior quanto tudo decorre, não de abstracções "temáticas", mas de questões práticas muito simples: como equilibrar o trabalho na fábrica com as tarefas caseiras, onde escavar um poço para ter água para as plantações...


No seu controlado minimalismo, o olhar de Lee Isaac Chung possui uma crença fundamental: são os actores (entenda-se: as personagens) que definem a ambiência de cada cena. E todos se distinguem pela singularidade da sua presença, a começar pelo pequeno Alan Kim, muito longe de qualquer caracterização pitoresca da infância. Sem esquecer, claro, os intérpretes dos pais, Han Ye-ri e Steven Yeun (nosso conhecido de "The Walking Dead"), e a veterana Yuh-Jung Youn, distinguida com o Oscar de melhor actriz secundária.”



+Crítica: c7nema, Hoje Vi(vi) Um Filme, Público, MagSapo, Plano Crítico, Independent, The Guardian, RogerEbert.



22 junho 2021 (TERÇA-FEIRA)

Terça-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1532


O Sal das Lágrimas

Título original: Le sel des larmes


De: Philippe Garrel

Com: Logann Antuofermo, Oulaya Amamra, André Wilms

Género: Drama

Classificação: M/12

Outros dados: FRA, 2020, 100 min.



SINOPSE

Luc, que sempre viveu na província com o pai, candidatou-se à Escola Boulle, uma faculdade de artesanato e artes aplicadas em Paris. É na capital que conhece Djemila, uma jovem com quem tem uma relação fugaz. De regresso a casa, reata com Geneviève, a namorada de juventude. Mas só vai compreender o significado do verdadeiro amor ao cruzar-se com Betsy. E tudo se complica quando Geneviève descobre estar grávida.


Um drama realizado pelo cineasta Philippe Garrel, que segue um argumento escrito por si, por Jean-Claude Carrière e Arlette Langmann. (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

Festival de Berlim: Seleção Oficial para Melhor Filme

Festival de San Sebastian: Seleção Oficial para Melhor Filme

Cahiers du Cinéma: Top 10 dos Melhores Filmes do Ano



Notas da Crítica:


«Philippe Garrel tem a câmara no lugar do coração» - Expresso


«Um poema sobre a inconstância dos sentimentos» - Estadão São Paulo


«The Salt of Tears forecloses feeling for the sake of fantasy» - Slant Mag


«O Sal das Lágrimas é um objeto estética e narrativamente nostálgico, com os alicerces no cinema francês dos anos 60.» - Visão


«Classy-looking French love story that jumps the shark» - The Guardian



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


As muitas cores do preto e branco


“Quando, já há várias décadas, se começou a generalizar a televisão a cores, reforçou-se um tenaz preconceito contra os filmes a preto e branco: seriam incidentes dispensáveis e "descoloridos"... Para lá da ignorância que tal preconceito promove (uma boa metade da história do cinema faz-se a preto e branco), havia e há nele uma cegueira simbólica — como se o preto e branco não pudesse ser também uma paisagem de infinitas nuances.


Belo exemplo disso mesmo é a obra do francês Philippe Garrel. Com algumas poucas excepções, o essencial da sua magnífica filmografia faz-se a preto e branco, com resultados que configuram uma verdadeira arqueologia dos impulsos amorosos dos humanos.


Assim volta a acontecer em "O Sal das Lágrimas", fotografado pelo sempre notável Renato Berta, desenhando o labirinto de um homem (Logann Antuofermo, notável estreante) perdido nas suas relações com três mulheres.


Não se pode dizer que este seja exactamente um cinema "psicológico", mesmo se a mise en scène de Garrel se interessa por todas as nuances afectivas que aproximam e afastam as personagens. Acontece que nada disso contribui para qualquer visão determinista, expondo antes cada ser como um enigma que se adensa para os outros e, no limite, para si próprio.


Por isso mesmo, no mundo de Garrel os lugares em que vivem ou circulam as personagens estão longe de desempenhar qualquer função "decorativa" (nem pscologismo nem decorativismo). Tudo se conjuga de forma orgânica, gerando uma teia de peripécias vividas num microcosmo em permanente ebulição — na sua pequenez e fechamento, pressentimos as tensões globais da própria cidade.”



+Crítica: Expresso, c7nema-entrevista, A pala de Walsh, Time Out, Visão, Revista Cinética, IndieWire.



09 junho 2021 (QUA - véspera de feriado)

Quarta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1531


Nomadland - Sobreviver na América

Título original: Nomadland


De: Chloé Zhao

Com: Frances McDormand, David Strathairn, Linda May, Angela Reyes, Patricia Grier

Género: Drama

Outros dados: ALE/EUA, 2020, 107 min.



SINOPSE

Depois de décadas a trabalhar numa empresa de materiais de construção, Fern, de 60 anos, é despedida. Sem nada que a prenda à pequena cidade do Nevada onde sempre viveu com o seu falecido marido, resolve vender todas as suas posses e fazer-se à estrada. Ao longo do caminho, vai-se cruzando com nómadas como ela, que lhe ensinam várias técnicas de sobrevivência e cuja amizade e generosidade vai alterar a sua forma de olhar o mundo.


Um filme dramático escrito e realizado pela chinesa Chloé Zhao, tem por base “Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century” (2017), um livro autobiográfico onde Jessica Bruder conta a sua história. McDormand contracena com o ator David Strathair e também com Linda May, Swankie e Bob Wells, três nómadas na vida real que se representam a si mesmos. (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

ÓSCARES 2021: Vencedor de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz

BAFTA 2021: Vencedor de Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Atriz, Melhor Fotografia

Ind. Spirit Awards: Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Edição, Melhor Fotografia

Golden Globes 2021: Vencedor de Melhor Filme e Melhor Realização

Festival de Veneza: Vencedor de Melhor Filme

Festival de Toronto: Vencedor do Prémio do Público ,para a realizadora Chloé Zhao



Total Film ★★★★★

Time Out ★★★★★

The Guardian ★★★★★

Empire Magazine ★★★★★

The Daily Telegraph ★★★★★

Evening Standard ★★★★★

Roger Ebert ★★★★

Diário de Notícias ★★★★

Cinemax-RTP ★★★★

Com. Cultura e Arte ★★★★

Público ★★



Notas da Crítica:


«A miracle of a movie.» - Empire Magazine


«Extraordinário. Nomadland pode simplesmente mudar a sua vida.» - Evening Standard


«Retrato de uma América marcada pela crise económica, nunca reduzindo as suas personagens a figuras banalmente pitorescas.» - João Lopes, DN


«A star performer carried an entire film through wordless looks and glances.» - The Times


«Life on the road has never been so tenderly captured, politically alive and profoundly moving.» - Empire Magazine



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Uma viagem sem fim


"Fuga sem Fim": assim se chamou entre nós o belíssimo filme "Running on Empty" (1988), de Sidney Lumet, um dos grandes papéis de River Phoenix. Nele encontrávamos uma família que, devido aos problemas dos pais com a justiça, ia viajando por diversas zonas dos EUA: era ainda uma América que, para lá das suas tragédias interiores, possuia um apelo mítico intocável...


Dir-se-ia que as personagens de "Nomadland" (subtítulo português: "Sobreviver na América") já não podem herdar tal mitologia. Não porque sejam foragidas. Antes porque essa América imensa e disponível já não existe como corpo redentor. Em boa verdade, Fern — a magnífica Frances McDormand — e as figuras com que se vai cruzando são isso mesmo que o título define: nómadas que circulam por um país onde, pelo menos para eles, já não parece existir um lugar para viver.


Chloé Zhao, a realizadora chinesa que vive nos EUA, filma tudo isso, não exatamente como uma narrativa de "causas" e "efeitos", antes como uma coleção de fragmentos tecidos de solidão, por vezes pontuada por encontros mágicos — são histórias de pessoas que tentam superar os efeitos da crise de 2008, afinal vivendo em paz com a sua própria opção de, entre empregos precários, continuar a viajar.


"Nomadland" define-se, assim, a partir de um desejo de realismo paisagístico que coexiste com a metódica exposição dos sentimentos mais secretos das suas personagens. Não é um retrato "sociológico", mas também não funciona como painel "psicológico" — estamos perante uma narrativa que, cúmplice da errância das suas personagens, se constrói também como a procura de uma alternativa para a tarefa primordial de conhecer o mundo. Agora, todas as fronteiras são interiores.



+Crítica: DN, Hoje Vi(vi) Um Filme, Comunidade Cultura e Arte, Always Good Movies, RogerEbert, The Guardian, New York Times.


02 junho 2021 (QUA - véspera de feriado)

Quarta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1530


Mais Uma Rodada

Título original: Druk (Another Round)


De: Thomas Vinterberg

Com: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe

Género: Comédia Dramática

Outros dados: SUE/DIN/HOL, 2020, 117 min.



SINOPSE

Segundo a teoria de um filósofo sueco, nascemos com um défice de álcool no sangue de 0,5 por cento, o que nos faz carregar uma certa melancolia. Para resolver o “problema”, sugere que se consuma diariamente a dose de álcool em falta e assim encontrar o equilíbrio. Quatro professores de um liceu decidem testar a teoria e começam a beber todos os dias. O resultado é positivo. Eles sentem-se bastante mais felizes, desinibidos e corajosos, o que os ajuda tanto nas suas relações pessoais como profissionais. Mas quando Martin desafia os companheiros a beber mais um pouco de maneira a maximizarem os efeitos, as coisas depressa ficam fora de controlo. 


Uma comédia dramática sobre diversão e vício, realizada por Thomas Vinterberg ("A Festa", "Querida Wendy", "A Caça", “A Comuna”). (Fonte: CineCartaz)


Prémios e Festivais:

OSCAR 2021: Vencedor de Melhor Filme Internacional (Nomeado para Melhor Realização)

BAFTA 2021: Vencedor de Melhor Filme (não falado em inglês)

CESAR 2021:  Vencedor de Melhor Filme Estrangeiro (não francês)

European Film Awards: Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Ator, Melhor Argumento

Golden Globes 2021: Nomeado de Melhor Filme Internacional

Festival de Londres: Vencedor do Prémio do Público para Melhor Filme

Festival de Cannes: Seleção Oficial em Competição.


Time Out ★★★★

c7nema ★★★★

The Independent ★★★★

MagazineHD ★★★



Notas da Crítica:


«Irresistível.» - Fionnuala Halligan, Screen Daily


«Intoxicante» - Stephen Dalton, The Hollywood Reporter


«A melhor performance de Mads Mikkelsen em anos.» - Eric Kohn, IndieWire


«Audaciously provocative and wickedly funny...» - Chicago Times


«It's energetic, attentively shot and exceedingly well acted - which is impressive because it's so easy to overdo playing drunk.» - NPR



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Os laços sociais sob o efeito do álcool


“Mesmo sem especial entusiasmo pelo labor especificamente cinematográfico de um filme como "Mais uma Rodada", de Thomas Vinterberg, é forçoso reconhecer-lhe a intensidade de um muito básico desencanto. Dito de outro modo: este não é exatamente um filme sobre o "tema" do alcoolismo, antes uma constatação da existência de uma verdadeira cultura do álcool.


Na verdade, o retrato do professor Martin (Mads Mikkelsen, apenas a gerir a irrecusável imponência da sua figura) não é exatamente a saga de "um" homem dependente do álcool, antes o sintoma de um modo de consumo realmente transversal — entre gerações e diferentes lugares sociais. Nesta perspetiva, "Mais uma Rodada" poderá ser definido como (mais) uma variação sobre aquele que me parece continuar a ser o título mais consistente da filmografia de Vinterberg: "A Festa" (1998).


Por um lado, há em Vinterberg uma agilidade visual que já se transformou num efeito de assinatura: trata-se de filmar como se se estivesse "apenas" a registar o jogo de improvisos dos atores (o que, entenda-se, não deixa de gerar momentos interessantes). Por outro lado, a "mensagem" das suas narrativas tornou-se um cliché: em última instância, a deriva individual é apenas a expressão das ilusões do coletivo.


Um conto moral, enfim: o cepticismo de um filme como "Mais uma Rodada" funciona como espelho ambíguo de um tempo (o nosso, obviamente) em que nos satisfazemos com a contemplação catártica daquilo, ou daqueles, que "multiplicam" os equívocos e limites dos nossos laços sociais. Nesta perspetiva, ao testarem os limites da sua própria resistência ao álcool, Martin e os outros professores, seus colegas, funcionam como simulacros da nossa descrença no coletivo — mesmo tocando em alguma verdade, o cinema que os encena parece igualmente iludido pela sua própria vertigem.”



+Crítica: Visão, Cinema7arteMagazine HD, c7nema-entrevista, El Pais-Brasil, Time Out, RogerEbert, Sight & Sound.



27 maio 2021

Quinta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1529


A Mulher Que Fugiu

Título original: Domangchin yeoja (The Woman Who Run)


De: Hong Sang-soo

Com: Kim Minhee, Seo Youngwa, Song Seonmi

Género: Drama

Classificação: M/12

Outros dados: Coreia do Sul, 2020, 77 min.



SINOPSE

Casada há cinco anos, a jovem Gam-hee nunca esteve longe do marido um dia que fosse. Agora que ele se ausentou numa viagem de negócios para fora de Seul, ela aproveita a ocasião para visitar três grandes amigas que há muito não vê. Cada encontro, assim como a conversa que tem com cada uma das raparigas, vai ter um forte impacto em como Gam-hee vê o seu relacionamento. Isso vai fazê-la reavaliar as escolhas feitas até aqui.


Um filme dramático escrito e realizado pelo aclamado realizador sul-coreano Hong Sang-soo ("Noite e Dia", "Noutro País", "Sítio Certo, História Errada", "O Dia Seguinte") que arrecadou o Urso de Prata de Melhor Realizador no Festival de Cinema de Berlim. Com Kim Min-hee – musa e companheira na vida real de Sang-soo –, a assumir o papel de protagonista. (Fonte: Público)


Prémios e Festivais:

Festival de Berlim 2020 - Urso de Prata para Melhor Realizador (Sang-soo Hong)

Festival de San Sebastián 2020 - Prémio Zabaltegi-Tabakalera

Festival de Mar del Plata 2020 - Seleção Oficial em Competição.

Festival de Nova York 2020 - Seleção Oficial em Competição.



Cinema7arte ★★★★

The Guardian ★★★★

Slant Magazine ★★★



Notas da Crítica:


«De facto uma pequena maravilha.» - Télérama


«Elegant, dryly funny and quietly moving.» - The New York Times


«Kim Min-he, musa do realizador, está deslumbrante.» - Variety


«A movie-novella with a sensational meaning. Could be a criticism of Korean sexual politics, or just a series of different meetings» - The Guardian


«It offers penetrating psychological analysis into its female characters, and a deep well of sympathy for them. It may be a step too far to call Hong a feminist filmmaker, but few men working in film today would be able to rival him on this score.» - Senses of Cinema



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Para lá da banalidade do quotidiano


“É caso para dizer: o cinema da Coreia do Sul não se esgota no impacto de "Parasitas" — vencedor do Festival de Cannes e dos Óscares referentes a 2019 — nem na obra do seu realizador, Bong Joon Ho. Nada contra esse filme, entenda-se: além do mais, nomeadamente em Hollywood, o seu sucesso abriu importantes formas de divulgação com efeitos positivos no chamado cinema internacional. Seja como for, a questão, agora, é diferente. Ou seja, a estreia de "A Mulher que Fugiu", título que valeu a outro autor coreano, Hong Sang-soo, o Urso de Prata (melhor realização) no Festival de Berlim de 2020 (o último grande certame realizado antes da pandemia). 


De Hong Sang-soo, tinhamos visto nas salas portuguesas, por exemplo, "O Dia Seguinte" (2017), exercício de observação do quotidiano, tanto mais envolvente quanto sabia expor as peculiaridades de um espaço profissional de trabalho. Algo de semelhante se poderá dizer a propósito do novo filme, construído a partir de uma metódica explanação de três momentos protagonizadas pela mesma mulher, Gam-hee, interpretada por Kim Min-hee, presença fetiche na obra de Hong Sang-soo.


Em termos esquemáticos, esta é a crónica dos encontros de Gam-hee com três mulheres que, por diversas razões, estão envolvidas na sua história pessoal. Às singularidades dessas relações soma-se o subtil sistema de ecos que o filme vai instalando — por exemplo, o facto de Gam-hee repetir que, em cinco anos de casamento, nunca passou um dia separada do marido; ou ainda a pontuação da acção por algum ecrã (caseiro ou de uma sala de cinema).


Estamos perante um cinema subtilmente dramático cuja sedução começa no facto de Hong Sang-soo não ceder aos lugares-comuns "psicológicos" que tantas vezes dominam a abordagem da (ambígua) banalidade do quotidiano.”



+Crítica: c7nema, A pala de Walsh, Hoje Vi(vi) Um Filme, Plano Crítico, Cinema7arte, The Guardian, MUBI, Slant Magazine.