23 dezembro 2020

Quarta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1523


Museu

Título original: Museo


De: Alonso Ruizpalacios

Com: Gael García Bernal, Simon Russell Beale, Lynn Gilmartin

Género: Drama

Classificação: M/14

Outros dados: MEX, 2018, 128 min.



SINOPSE

Durante a madrugada do dia 25 de dezembro de 1985, os estudantes Juan Núñez e Benjamín Wilson (Gael García Bernal e Leonardo Ortizgris) entram no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México, enganam as fortes medidas de segurança, e roubam artefactos de grande valor etnográfico. Assim que soa o alarme, as autoridades mexicanas fazem de tudo para encontrar os culpados e recuperar o saque antes que seja levado para fora do país. O que ninguém poderia imaginar era que o crime tinha sido cometido por ladrões amadores que se vêem a braços com um grave problema: agora que são procurados pela polícia, como vão encontrar quem que se arrisque a fazer negócio com o resultado do assalto mais badalado do país?


Baseado na história verdadeira do famoso assalto da noite de Natal de 1985, é uma comédia de ação com assinatura de Alonso Ruizpalacios (realizador multi-premiado de “Gueros” - exibido pelo Cineclube Octopus em 2017).



Prémios e Festivais:

Festival de Berlim - Vencedor do Urso de Prata para Melhor Argumento

Festival de Toronto - seleção oficial



Notas da Crítica:


«Genial e bizarro» - The Guardian


«Emocionante, grandioso e cheio de suspense» - The Hollywood Reporter


«Das melhores interpretações de Gael Garcia Bernal» - Comingsoon.net


«Depois de Iñarritu, Alonzo Ruizpalacios é a nova grande revelação do cinema mexicano» - The Playlist



Seleção de crítica: por Heitor Romero, no Cineplayers.


As surpresas da vida ordinária


“Museu (Museo, 2018) é um filme que parte de uma premissa tão absurda, que chega a ser surpreendente saber que se inspira em fatos reais, e não nas tradições do subgênero de filmes de assalto cometidos por pessoas comuns. Nos anos 1980, dois veterinários conseguiram a façanha de roubar mais de cem peças raras e driblar toda a segurança em um museu mexicano, para depois vagarem pelo país sem saber exatamente para quem vender os artefatos. O diretor Alonso Ruizpalacios encontra esse caso real para montar um panorama ora cômico, ora tenso, ora singelo sobre os valores morais de uma geração e uma discussão interessante sobre o valor atribuído a peças de arte que na maior parte do tempo passam esquecidas por todos e que, em retrospecto, só foram parar em algum museu porque também foram roubadas de alguma outra civilização em épocas anteriores. 

A beleza de Museu é nunca se levar muito a sério e sempre transitar numa linha bem difícil de comicidade sutil e implícita, nunca demasiado expositiva. O tom farsesco de filme de gênero, com direito a várias reproduções de cacoetes e vícios comuns no cinema hollywoodianos, mas sempre readaptado ao panorama do cinema latino, é uma forma inteligente de satirizar toda a iniciativa e brincar com a principal questão na vida de um sujeito ordinário que, contra todas as probabilidades, consegue um feito extraordinário: e agora, o que fazer? 


Parte do bom saldo final se deve à construção dos personagens principais, em especial Juan, vivido por Gael García Bernal, ator de grande talento, mas que raras vezes encontra um filme à altura de suas performances. Seu papel aqui é o de um homem incrivelmente ingênuo, que planeja tudo no maior amadorismo e que sequer tem noção da loucura que está cometendo, o que torna muito mais fácil para o roteiro caminhar para uma virada em sua segunda metade, quando tudo se converte em uma espécie de road movie de dois parceiros errantes procurando um comprador. O subtexto que trata das origens de Juan, seus vínculos familiares, suas bases, dá credibilidade mesmo dentro de um enredo de tão difícil verossimilhança.[…]”



+CríticaDN, Público, c7nema, Plano Crítico, New York Times, Screenanarchy, Chicago Reader, Alwaysgoodmovies, Sight & Sound, RogerEbert.



15 dezembro 2020

Terça-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1522


Ordem Moral

Título original: Ordem Moral


De: Mário Barroso

Com: Maria de Medeiros, Albano Jerónimo, Julia Palha, João Arrais, Isabel Ruth, Sónia Balacó, Ana Bustorff

Género: Drama, Animação, Biografia

Classificação: M/14

Outros dados: POR, 2020, 101 min.



SINOPSE

Em 1918, Maria Adelaide Coelho da Cunha, proprietária do “Diário de Notícias” e filha do fundador do jornal, foge com o antigo motorista, mais de duas décadas mais novo do que ela, e deixa toda a gente à sua procura, numa busca altamente mediática. Três semanas depois, é encontrada, internada no hospício Conde de Ferreira e declarada louca e incapaz por Júlio de Matos, Egas Moniz e Sobral Cid, o que permite ao marido vender o jornal e entregá-lo ao serviço dos poderes que irão instituir a ditadura poucos anos depois.


Esta história verídica é agora alvo de um filme de Mário Barroso, com Maria de Medeiros no papel de Maria Adelaide e com argumento de Carlos Saboga. (Fonte: Público)



Prémios e Festivais:

Tokyo International Film Festival (Japão) - Tokyo Premiere

Mostra de Valencia - Cinema del Mediterrani (Espanha) - Em Competição

Mostra Internacional de São Paulo (Brasil) - Em Competição



Notas da Crítica:


«Mário Barroso quis contar a história da mulher que queria ser livre» - Público


«Maria Adelaide Coelho da Cunha é uma pioneira do feminismo europeu como o demonstra este belo filme de Mário Barroso.» - Première


«Elegante e clássico, o filme oferece a Maria de Medeiros a oportunidade de uma interpretação muito bela, numa homenagem vibrante e melancólica a uma doce rebelde.» - Télérama


«Verídica e romanesca, a história do filme de Mário Barroso é levada à incandescência pela fusão da ‘mise en scène’ e da representação da sua atriz principal.» - Slate.fr




Seleção de crítica: por Xavier Leherpeur, no Le Nouvel Observateur.


“Déconsidérée par les siens et boudée par sa classe, la bourgeoisie du début du XXe siècle, Maria Adelaide est une femme affranchie. En s’enfuyant avec un jeune chauffeur socialiste de plus de vingt ans son cadet, elle parachève son émancipation, mais précipite le drame. Directeur de la photo pour Manoel de Oliveira, Mário Barroso signe une mise en scène esthétique un peu rigide. Mais l’interprétation de Maria de Medeiros, actrice trop rare et toujours magistrale, confère au film un souffle lyrique et mélancolique.”



+CríticaDN, Expresso, Público, Visão, Cinema7arte, Comunidade Cultura e Arte, Sapo Mag, Abus de Ciné, Liberation, Le Parisien.



10 dezembro 2020

Quinta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1521


Da Eternidade

Título original: Om det oändliga


De: Roy Andersson

Com: Bengt Bergius, Anja Broms, Marie Burman, Jan-Eje Ferling

Género: Drama

Classificação: M/12

Outros dados: SUE/NOR/ALE/FRA, 2019, 78 min.


SINOPSE

Neste filme, todos os acontecimentos têm a mesma gravidade, sejam pequenos episódios da vida de pessoas comuns, sejam grandes eventos que marcam a História. Em "Da Eternidade", um casal observa uma cidade devastada pela guerra; um pai pára para apertar os atacadores dos sapatos da filha a caminho de uma festa; adolescentes dançam à porta de um café; um exército derrotado marcha para um campo de prisioneiros de guerra; e um sacerdote questiona a sua fé. Tudo é reflexo da fragilidade humana. Tudo é, simultaneamente, trivial e grandioso. 


Em competição no Festival de Cinema de Veneza, onde recebeu o Leão de Prata para Melhor Realizador, um filme melancólico sobre a vida, o amor e a morte, com assinatura do aclamado cineasta sueco Roy Andersson (que, em 2014, arrecadou o Leão de Ouro pelo filme "Um Pombo Pousou Num Ramo a Reflectir na Existência"). (Fonte: Público)


Prémios e Festivais:

Festival de Veneza - Leão de Prata para Melhor Realizador

Festival de Dublin - Melhor Realizador

European Film Awards - Melhores Efeitos Visuais


Variety ★★★★

Cinevue ★★★★

Indiewire ★★★★

The Guardian ★★★★

De Standaard ★★★★

The Film Stage ★★★★

Screen International ★★★★


Notas da Crítica:


«Damos 75 minutos a Roy Andersson e ele dá-nos o universo» - Indiewire


«O cinema de Roy Andersson é um dos mais particulares de toda a sétima arte. Mesmo para quem esteja familiarizado com o humor escandinavo, o cinema de Andersson é extremamente… único.» - Royale With Cheese


«Delicioso, estranho e totalmente diferente de qualquer outra coisa na competição; um filme que faz a monotonia parecer única e a banalidade uma coisa do outro mundo. [...] DA ETERNIDADE contém momentos de humor diabólico, mas no fundo é uma imagem triste e doce.» The Guardian



Seleção de crítica: por João Lopes, em RTP-Cinemax.


No estúdio com Roy Andersson


“Não se pode dizer que o sueco Roy Andersson seja um cineasta incoerente. Na verdade, o seu novo filme, "Da Eternidade", é (mais) uma colecção de variações sobre um modelo retórico já aplicado em "Canções do Segundo Andar" (2000), "Tu que Vives" (2007) ou "Um Pombo Pousou num Ramo a Reflectir na Existência" (2014).


Na prática, que acontece? Não sendo propriamente um optimista, Andersson colecciona pequenos episódios, uns "realistas" (um exército derrotado que marcha numa paisagem gelada...), outros "transcendentais" (um par voa sobre uma cidade...), outros apelando à "metáfora" (a "Paíxão de Cristo" numa rua contemporânea...), todos eles unidos pela mesma constatação minimalista — a vida humana é absurda. E fica-se também com a sensação incómoda de que o olhar que aqui triunfa contempla esse absurdo como "coisa" mais ou menos desprezável...


E, no entanto, importa reconhecer que Andersson é, obviamente, um hábil gestor dos recursos específicos de um estúdio de cinema. "Da Eternidade" volta a distinguir-se por um rigor cenográfico algures entre o real e o surreal, como se os sinais quase naturalistas que as cenas acumulam se fossem transfigurando em entidades mais ou menos fantásticas ou fantasistas.”



+CríticaVisão, Público, c7nema, Cinema7arte, Royale With Cheese, Sight & Sound, CineVue, RogerEbert.