05 novembro 2020

Quinta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1516


Mosquito

Título original: Mosquito


De: João Nuno Pinto

Com: João Nunes Monteiro, João Lagarto, Filipe Duarte, Alfredo Brito

Argumento: Fernanda Polacow e Gonçalo Waddington

Género: Drama, Guerra

Outros dados: POR, 2020, 125 min.




SINOPSE

Zacarias é um jovem português sedento por viver grandes aventuras heróicas durante a Primeira Guerra Mundial. Enviado para Moçambique, onde o conflito se desenrola longe dos olhares do mundo, o soldado vê-se deixado para trás pelo seu pelotão e parte numa longa odisseia mato adentro, à procura da guerra e dos seus sonhos de glória.


Tal como Sam Mendes, em 1917, João Nuno Pinto usou a história do seu avô, que serviu Portugal, durante a Primeira Guerra Mundial, em Moçambique. Um raro filme de guerra português que teve a honra, em janeiro, de abrir o Festival Internacional de Cinema de Roterdão.



Prémios e Festivais:

International Film Festival Rotterdam - Seleção Oficial e Filme de Abertura

Prémios Goya - Nomeado para Melhor Filme Ibero-americano

Burgas Film Festival (Bulgária) - Menção Especial do Júri

 


«é um dos filmes escolhidos para a reabertura das salas francesas de cinema.»  - Público

aVoir-aLire.com ★★★★★

Positif ★★★★

Télérama ★★★★

Ouest France ★★★★

Le Monde ★★★

Le Nouvel Obs. ★★★



Notas da Crítica:


«A picada mais forte do cinema português dos últimos anos» - Hugo Gomes, Sapo Mag


«Com as honras de abertura do importante Festival de Roterdão [com 3.000 espetadores presentes], Mosquito é uma provocatória viagem ao centro da escuridão colonial.» - Jorge Mourinha, The Flickering Wall


«Este filme leva-nos para um teatro das operações da primeira guerra mundial pouco conhecido. Nos passos de um jovem português patriota e idealista, conduz-nos a Moçambique, colónia portuguesa onde a força ocupante entra em conflito com as tropas imperialistas alemãs.» - Jacques Mandelbaum, Le Monde


«Mosquito é uma longa-metragem colossal que permitirá aos espetadores sair dos seus ambientes confinados, para penetrar os mistérios espirituais desta grande viagem onde o nosso herói apreende os limites da animalidade do homem. A originalidade da narrativa é incontestável. (…) a intensidade com que o ator habita a sua personagem dá à obra uma força emocional raramente vista. A música, a fotografia, os décors, a beleza da imagem assombrarão durante muito tempo a mente dos espetadores.» - Laurent Cambon, aVoir-aLire.com



«um filme ousado e necessário.» - Comunidade Cultura e Arte


«Uma picada numa ferida que o realizador diz estar esquecida, a do colonialismo português.» - Observador


«inspirado numa história verídica da I Guerra Mundial, passada em África, é um dos filmes escolhidos para a reabertura das salas francesas de cinema.»  - Público


«Esta análise feroz da condição humana é um conto de guerra único; não tem valores de super produção, mas um registo primoroso que nos cativa facilmente.» - Nathanial Eker, UK Film Review


«João Nuno Pinto's Portuguese World-War-One drama tackles Portugal's colonial shady past in Africa.» - Ard Vijn, Screen Anarchy


«Rotterdam’s opening film is a fever dream account of a young Portuguese soldier’s experiences in 1917 Mozambique.» - Screen Daily




Seleção de crítica: por Manuel Halpern, na Visão.


“Mosquito”: Um raro filme de guerra português


“Zacarias, o avô de João Nuno Pinto, passou semanas à procura de uma guerra imaginada. O realizador fez disso um raro filme de guerra português, em que a maior das batalhas se trava do lado de dentro. Mosquito é a guerra de um homem só, que nos oferece uma perspetiva simbólica e histórica sobre o desnorte da presença portuguesa em África no século XX.


Se poucos são os filmes e os livros que retratam a presença portuguesa na Primeira Guerra Mundial, mais raro ainda é debruçarem–se sobre a frente africana. Esse é logo o primeiro mérito de Mosquito: apontar o holofote da História na direção de uma guerra que, para muitos, parecia invisível. Tal como já havia feito Hugo Vieira da Silva, recuando ainda mais uns anos na História, em Posto Avançado do Progresso (2016), Mosquito mostra que a Guerra Colonial não foi o primeiro ponto de desequilíbrio na frágil estrutura colonialista europeia; há uma antecâmara devastadora. Durante a Primeira Guerra Mundial morreram mais soldados em África do que na Europa;e morreram mais com doenças do que em combate.


Tal como Sam Mendes, em 1917, se inspirou na história do seu avô Alfredo Mendes, João Nuno Pinto recorda a vida do seu avô Zacarias. Uma história caricata de um jovem e empenhado patriota que se alistou no exército com o sonho de combater em França, mas foi enviado para os confins de Moçambique, onde não havia trincheiras, apenas feras e mosquitos. Zacarias apanhou logo malária e ficou retido na retaguarda. Quando se curou, partiu, por livre iniciativa, mato afora à procura do seu batalhão.


Mosquito é um road movie pedestre em terreno acidentado, uma intensa batalha interior contra preconceitos e frustrações. O filme tanto apresenta uma estrutura clássica como entra, sem pudor, por caminhos de grande abstracionismo que mostram a fragilidade e a demência do próprio Zacarias, alucinado pelas doenças e pela fome. Vale pela história que conta, e também pelo risco e pela ousadia do olhar.”



+Crítica: The Flickering Wall, SapoMag, Comunidade Cultura e Arte, Hoje Vi(vi) um Filme, c7nema, Entrevista c/ Realizador, Entrevista c/ Ator protagonista.



29 outubro 2020

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1515


Corpus Christi - A Redenção

Título original: Boze Cialo


De: Jan Komasa

Com: Bartosz Bielenia, Aleksandra Konieczna, Eliza Rycembel, Lukasz Simlat

Género: Drama

Classificação: M/16

Outros dados: POL, 2019, 



SINOPSE

Quando Daniel é enviado para um centro de detenção para jovens, não imagina a transformação que daí decorrerá. A relação próxima com o padre da instituição faz nascer nele um chamamento divino. Mas, infelizmente, o seu cadastro impede-o de alcançar o sonho de ingressar num seminário e tornar-se sacerdote. Depois de cumprir pena, vai trabalhar como aprendiz de carpinteiro numa povoação distante. Devido a uma série de mal-entendidos, é confundido com o novo pároco e abraça aquela oportunidade, que, na sua cabeça, tem providência divina. 


Baseado em factos reais, um drama escrito por Mateusz Pacewicz. Apresentado no Festival de Cinema de Veneza e também no Festival Internacional de Cinema de Toronto, "Corpus Christi" foi nomeado para o Óscar de Melhor Filme Internacional (o atual nome da antiga secção de Filme Estrangeiro), em representação da Polónia. (Fonte: Público)



Prémios e Festivais:

Óscares 2020 - nomeado para Melhor Filme Internacional

Festival de Veneza (2019) - prémio Europa Cinemas Label

Festival Internacional de Cinema de Toronto - seleção oficial

 


Rotten Tomatoes - 97%

The Times ★★★★

The Guardian ★★★★

Time Out ★★★★

Magazine HD ★★★★

Diário de Notícias ★★★

RogerEbert ★★★1/2

Público ★★★

c7nema ★★★



Notas da Crítica:


«Um filme intenso, eloquente, imageticamente forte e com um trabalho tremendo de Bartosz Bielenia, um daqueles atores cujo rosto vale por mil palavras.» - Visão


«Único» - Film Threat


«Perfeito» - Times


«Inquietante» - The Guardian


«Arrebatador»  - The Hollywood Reporter


«Fascinante» - Los Angeles Times


«Um filme soberbo» - Cineeuropa


«Comovente e poderoso» - Variety


«Sólido e inteligente mais do que especialmente inspirado, é um exemplo de que há mais para descobrir no cinema polaco do que aquilo que vamos vendo aos soluços por cá.» - Público




Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Atribulações religiosas na Polónia


“Cinema da Polónia: Andrzej Wajda, Jerzy Skolimowski, Roman Polanski... Lembramo-nos de imediato dos nomes clássicos, hesitamos quando tentamos estabelecer algum elo com a produção mais recente. 


Jan Komasa — eis o nome que surge agora no horizonte do mercado, favorecido pelo impulso dos Óscares. O seu "Corpus Christi - A Redenção" é um dos cinco nomeados na categoria de melhor filme internacional (designação que substitui a de melhor filme estrangeiro). E o mínimo que se pode dizer é que possui a virtude de colocar em cena uma paisagem, social e afectiva, eminentemente polaca, visceralmente católica.


O efeito perturbante da dramaturgia do filme decorre da ambivalência da sua personagem central, o jovem Daniel, 20 anos, preso num centro de detenção juvenil — ao regressar à vida social, procurando emprego na serração de uma pequena povoação, torna-se acidentalmente padre.


Interpretado por um notável actor, de seu nome Bartosz Bielenia, Daniel rapidamente se descobre numa teia emocional à beira do insustentável: por um lado, a população vai sendo cada vez mais sensível aos seus dotes de pregador; por outro lado, ele teme que a sua condição acidental seja descoberta...


Komasa parece ser um cineasta empenhado em valorizar os índices realistas — sublinhe-se a detalhada caracterização da povoação em que Daniel se integra —, ao mesmo que pressente o peso simbólicos dos temas com que lida. Em última instância, "Corpus Christi" é mesmo um filme sobre o contraste entre a religião como "aparato" colectivo e a religião como expressão de uma genuína crença individual. Em resumo: um filme exterior aos modelos dominantes do mercado, a merecer ser descoberto.”



+Crítica: DN, Expresso, Magazine HD, Público, Visão, c7nema, MagSapo, Huffpost Brasil, RogerEbert, Always Good Movies.

 

22 outubro 2020

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1514


Os Miseráveis

Título original: Les Misérable


De: Ladj Ly

Com: Damien Bonnard, Alexis Manenti, Djibril Zonga

Género: Drama, Thriller

Classificação: M/16

Outros dados: FRA, 2019, 102 min.



SINOPSE

Stéphane, acabado de chegar de Cherbourg, vai integrar a Brigada Anti-Crime (BAC) de Montfermeil, nos arredores de Paris. É aí que conhece os seus novos colegas de equipa, Chris e Gwada, dois agentes experientes. Não tarda a descobrir as tensões entre os diferentes gangues locais. Durante uma detenção, um drone filma todos os seus actos e gestos...


Primeira longa-metragem do francês de ascendência maliana Ladj Ly, "Os Miseráveis" debruça-se sobre as guerras de poder em bairros problemático  e tem como ponto de partida a curta homónima que Ly realizou em 2017. (Fonte: Público)



Prémios e Festivais:

Óscar 2020 - Nomeado para Melhor Filme Internacional

Festival de Cannes (2019)- Prémio do Júri

Lisbon & Estoril Film Festival 2019 - seleção oficial

Sindicato Francês de Críticos de Cinema - melhor filme francês



Telérama ★★★★★

Cahiers du Cinema ★★★★★

Le Monde ★★★★

Libération ★★★★

Les Inrocks ★★★★

Rolling Stone ★★★★

RogerEbert ★★★




Notas da Crítica:


«A primeira bomba do Festival de Cannes, um relatório perturbador dos subúrbios, 25 anos depois de O Ódio/La Haine» - Première


«O encontro entre Victor Hugo e Spike Lee» - Le Monde


«Uma experiência emocionante» - RogerEbert.com


«Um filme choque!»  - Telérama


«Um filme urgente» - Cahiers du Cinéma


«Um obstinado e impetuoso thriller urbano acentuado por um comentário social mordaz ao estado actual dos subúrbios parisienses, retratados aqui como um barril de pólvora prestes a explodir.» - The Hollywood Reporter


«Um retrato visceral sobre aqueles que abusam do seu poder, e aqueles que o exigem, nos subúrbios de Montfermeil em Paris.» - Associated Press




Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


A exigência realista


“A sequência de abertura de "Os Miseráveis", de Ladj Ly, é especialmente impressionante — e perturbante. Isto porque a sua lógica de comunhão vai ser metodicamente posta em causa pelas cenas seguintes. Tudo se passa no dia 15 de Julho, em Paris, nos Campos Elíseos: a multidão celebra o triunfo da selecção francesa no Mundial de Futebol da Rússia (4-2, contra a Croácia).


Com o desenvolvimento do filme, rapidamente percebemos os limites da própria ideia de comunhão. O filme segue a actividade de uma brigada policial em Montfermeil, subúrbios de Paris, expondo as convulsões de um tecido social em que a noção de "lei & ordem" está a ser sistematicamente posta à prova, de acordo com uma (falta de) lógica que parece não conseguir resolver uma questão básica: que significa pertencer a um grupo? Ou ainda. como pertencer a um grupo sem abrir conflito(s) com outro(s)?


Ladj Ly filma, assim, os seus próprios cenários de vida. Nascido no Mali, foi muito cedo para França, com os pais, para viver, precisamente, em Montfermeil. Isso ajudará a explicar a pulsão documental que marca o seu filme: por um lado, há nele um espírito narrativo que decorre da tradição do policial francês; por outro lado, tudo se passa como se descobríssemos as personagens "em trânsito", quase como numa reportagem.


Apropriando-se do título do clássico de Victor Hugo e, de alguma maneira, actualizando-o, "Os Miseráveis" foi uma das boas surpresas de Cannes/2019, tendo sido distinguido com o Prémio do Júri. Há nele, afinal, as marcas de uma exigência realista, hoje em dia transversal a algum do melhor cinema (europeu ou não). Trata-se, afinal, de trabalhar as formas cinematográficas contra as rotinas do naturalismo televisivo.”



+Crítica: DN, Expresso, Magazine HD, Mag Sapo, Visão, Público, Folha São Paulo, Omolete, Cinestera.