24 setembro 2020

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett
Sessão #1510

A Vida Invisível

Título original: A Vida Invisível


De: Karim Aïnouz

Com: Julia Stockler, Carol Duarte, Flávia Gusmão

Género: Drama

Classificação: M/16

Outros dados: BRA/ALE, 2019, 139 min.



SINOPSE

Duas irmãs brasileiras dos anos 50, descendentes de portugueses, são separadas por preconceitos e caprichos num grande fresco sentimental.


Um "melodrama tropical" realizado e escrito por Karim Aïnouz ("O Céu de Suely", "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo"), que adapta a obra "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", de Martha Batalha. Carol Duarte, Julia Stockler, Flávia Gusmão, António Fonseca e Gregório Duvivier assumem as personagens. PÚBLICO



Prémios e Festivais:

Festival de CANNES (2019), VENCEDOR da secção Un Certain Regard

Prémios Platino Xcaret - Prémio de Melhor Atriz



Notas da Crítica:


«Saímos de “A Vida Invisível” com um nó no estômago e um fado de Amália. O filme brasileiro que Cannes premiou» - Expresso


«Fernanda Montenegro, a humanidade e a dor de uma vida inteira escritas em seu rosto» - The Hollywood Reporter


«Um dos mais cotados filmes internacionais de 2019 narra a busca e o sofrimento de duas irmãs num Brasil de outrora» - Sábado


«'A Vida Invisível' é drama de época para partir o coração e pensar no presente» - Globo


«Um poderoso melodrama, retrato da condição feminina num Brasil moralista dos anos 50, cada vez mais próximo da atualidade» - Visão


«Intenso e magnífico»  - Hollywood Reporter



Seleção de crítica: por Jorge Leitão Ramos, no Expresso.


«Karim Aïnouz (n. Fortaleza, 1966) é um dos cineastas brasileiros mais consistentes destas últimas duas décadas e a sua obra tem crescido passo a passo, feita de personagens frequentemente desalinhadas das normas sociais, contra a corrente, desde a estreia com “Madame Satã”. Mas ninguém previa que a sua sétima longa-metragem se atirasse desta forma para um fresco sentimental com natureza de folhetim. “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” (título original) venceu a secção Un Certain Regard, do último Festival de Cannes. É uma adaptação saborosamente infiel do romance homónimo de Martha Batalha. Passa-se em 1951, no Rio de Janeiro, em torno de Eurídice e Guida, duas irmãs inseparáveis, de 18 e 20 anos, descendentes de imigrantes portugueses. E elas têm sonhos distintos: Eurídice, a mais reservada, sonha com o Conservatório de Viena e uma carreira de pianista; Guida, mais afoita, procura um grande amor e, sem dar cavaco à família, tomba nos braços de um marinheiro grego que a leva de barco para Atenas antes de ela descobrir que ele é só um canalha. Guida acaba por regressar meses depois, sozinha e de barriga, enfrentando o pai e o seu veredicto severo: “Fugiste pelas traseiras, desaparece pelas traseiras.” O verdadeiro núcleo do filme começa aqui, porque Eurídice, entretanto, fez bom casamento — mas o pai não vai permitir que as duas irmãs voltem a ver-se. Um retrato de submissão da condição feminina — e de toda uma geração de mulheres — começa então a ganhar corpo. Também há muitas cartas em “A Vida Invisível”. Guida concluirá por elas que “família não é sangue, é amor”. Antes que mais se avance, diga-se ainda que o melhor trabalho de Aïnouz até à data é também um triunfo de interpretações: Eurídice e Guida estão no corpo das excelentes Julia Stockler e Carol Duarte; António Fonseca e Flávia Gusmão são os pais portugueses num lote de secundários do mesmo nível; e ainda temos creditada no genérico a extraordinária Fernanda Montenegro, que tarda a aparecer no ecrã — mas quando aparece devora tudo à sua volta.


Karim Aïnouz refere-se a “A Vida Invisível” como um projeto “calcado de uma obra literária” mas muito pessoal “porque a história de Eurídice e de Guida podia ter sido a história da minha mãe e das minhas tias. Perdi a minha mãe em 2005. A vida dela não foi fácil. Dei-me conta de que a sua história, bem como a história de tantas mulheres da sua geração, jamais nos foi contada. A palavra ‘invisível’ do título vem daí”, contou-nos o cineasta em conversa telefónica. “Então, contaminei as personagens do livro com figuras de pessoas que conheci profundamente. A minha mãe, se fosse viva, teria 91 anos — que é precisamente a idade que a Fernanda Montenegro tem hoje...” Já a natureza epistolar do filme é uma ousadia que não vem do livro e que Karim reclama por inteiro. Uma textura narrativa pela qual o cineasta se interessa desde sempre. “Eu saí de casa muito novo, a minha mãe me escrevia bastante, fui crescendo habituado a essa forma de narrativa. Que me permite aproveitar uma experiência muito bonita da literatura que é o roman à clef, em que a gente tem a oportunidade de retratar eventos e experiências autobiográficas sem se expor. Esta atração pelo relato do diário está presente em quase todos os meus filmes. Permite-me aceder ao mundo interior das personagens. E permite-me atravessar o tempo.”»




+Crítica: DN, Sábado, Sábado-Tiago Santos, Visão, À Pala de Walsh, c7nema, Insider, Cult-entrevista, El País-Brasil.



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