03 setembro 2020

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett
Sessão #1507

Título original: Little Women

De: Greta Gerwig
Com: Saoirse Ronan, Emma Watson, Timothée Chalamet, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, James Norton, Meryl Streep, Louis Garrel, Chris Cooper
Género: Drama, Romance
Classificação: M/12
Outros dados: EUA, 2019, 134 min.


SINOPSE
As "Mulherzinhas" desta história são a intempestiva Jo, a conservadora Meg, a frágil Beth e a romântica Amy, que Marmee, a mãe, fica com a responsabilidade de educar quando o marido parte para combater na Guerra Civil Americana. A apoiá-la na educação das filhas, Marmee tem a seu lado a tia March. As duas vão acompanhando a passagem de cada uma delas para a vida adulta, fazendo com que entendam o verdadeiro significado de amor, virtude e emancipação, numa das épocas mais complexas da história dos EUA.

O romance intemporal de Louisa May Alcott que, desde a sua publicação em 1868, conquistou várias gerações de leitores, é novamente adaptado ao grande ecrã, desta vez pelas mãos da atriz e realizadora Greta Gerwig ("Lady Bird").

Prémios e Festivais:
Nomeado para 2 Globos de Ouro - Melhor Atriz em Drama e Melhor Banda Sonora

Nomeado para 6 Óscares – Melhor Filme, Melhor Atriz (Ronan), Melhor Atriz Secundária (Pugh), Melhor Argumento Adaptado e Melhor Banda Sonora – Vencedor de Melhor Guarda-roupa.

Nomeado para 5 BAFTA Awards - Melhor Atriz (Ronan), Melhor Atriz Secundária (Pugh), Melhor Argumento Adaptado e Melhor Banda Sonora - Vencedor de Melhor Guarda-roupa.

Diário de Notícias ★★★★
RogerEbert ★★★★
Time Out ★★★★
Observador ★★★★
Público ★★★★

Notas da Crítica:

«um filme de energia e de emoção arrebatadoras, autenticamente em estado de graça» - Jorge Mourinha, Público

Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.

«UMA VERDADE FEMININA

Muitas vezes adaptado ao cinema, o clássico de Louisa May Alcott reaparece numa versão realmente pensada para o século XXI: "Mulherzinhas", de Greta Gerwig, é um reencontro feliz com a arte melodramática.

A pergunta é, de uma só vez, formal e conceptual: como refazer, em cinema, neste nosso século XXI, o romance "Mulherzinhas", de Louisa May Alcott? E justifica-se não só porque se trata de um livro publicado em 1868, estranho à maior parte das atuais opções literárias dos grandes estúdios, mas também porque há todo um património de versões cinematográficas de "Mulherzinhas" que terá como pedra fundamental a produção de 1933, assinada por George Cukor.

Digamos, para simplificar, que na dupla condição de autora do argumento adaptado e responsável pela realização, Greta Gerwig contorna todos os clichés que pudessem envolver uma qualquer opção "revivalista". Mais do que isso: as suas luminosas "Mulherzinhas" são a ilustração muito clara (e apetece dizer: muito contundente) de uma arte narrativa que sabe pensar — e pensar-se — para o seu tempo, sem quebrar uma relação orgânica com a mais nobre tradição do melodrama cinematográfico.

As quatro irmãs March, vivendo com meios austeros no tempo da Guerra Civil Americana, surgem, assim, como um painel de comportamentos, pensamentos e emoções pontuado por uma questão nuclear: que significa ser mulher? Refazendo e, num certo sentido, contestando a linearidade factual do livro, Gerwig apresenta-nos, afinal, uma verdadeira demanda de identidade(s).

Jo, Meg, Amy e Beth vivem as alegrias e dramas de um tempo em que a sua condição vacila, ao mesmo tempo que lhes exige uma admirável capacidade de afirmação. Entenda-se: a descoberta/invenção de um discurso próprio que as demarque dos valores mais tradicionais que, eventualmente, podem limitar e delimitar a sua existência e, por fim, a verdade do feminino.

Além do mais, o filme de Gerwig revela o know how, visceralmente clássico, que atribui às singularidades dos actores — neste caso, das actrizes — uma função essencial de exposição de todas as convulsões e enigmas das personagens [vídeo de rodagem].»

Talvez seja inevitável referir com algum destaque a brilhante Saoirse Ronan, no papel de Jo, a "mulherzinha" que defende o seu desejo de ser escritora, mas importa não menosprezar as delicadas composições de Emma Watson, Florence Pugh e Eliza Scanlen (Meg, Amy e Beth, respectivamente). Sem esquecer, claro, a breve e primorosa participação de Meryl Streep no papel da tia velha, rabugenta e pragmática, numa palavra, sobrevivente.»





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