05 agosto 2021

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1537


Marighella - O Guerreiro

Título original: Marighella


De: Wagner Moura

Com: Seu Jorge, Ana Paula Bouzas, Bella Camero, Herson Capri

Género: Drama, Histórico

Classificação: M/14

Outros dados: BRA, 2019, 155 min.



SINOPSE

Esta é a história de Carlos Marighella (1911-1969), ex-deputado comunista, escritor e guerrilheiro, tido como um dos maiores ícones do Brasil pela sua luta pela liberdade. Após o golpe de Estado de 1964, que mergulhou o Brasil numa ditadura militar (que durou até 1985), Marighella liderou um grupo de revolucionários. Mas, em novembro de 1969, por ser considerado “inimigo número um” do regime, foi assassinado por agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), numa ação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Só em 1996 é que o Ministério da Justiça brasileiro reconheceu a responsabilidade do Estado pela sua morte. A 7 de Março de 2008, foi decidido que Clara Charf, a sua mulher, teria direito a uma pensão vitalícia do Governo. Em 2012, depois da averiguação da Comissão da Verdade, José Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça, oficializou a amnistia “post mortem” de Marighella.


Adaptação do livro “Marighella - O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo”, do jornalista Mário Magalhães, conta com realização do ator Wagner Moura (protagonista da série “Narcos” e dos filmes “Carandiru” ou “Tropa de Elite”), que aqui se estreia na realização e que também assina o argumento com Felipe Braga. A dar corpo a Marighella está o cantor e ator Seu Jorge. (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

Festival de Berlim - Prémio dos Críticos Internacionais Independentes, Giuseppe Becce

Lisbon & Sintra Film Festival - Fora de Competição

CinEuphoria Awards - Melhor Ator Secundário - Bruno Gagliasso 



Notas da Crítica:


«Empolgante, altamente seguro e com elenco fantástico» - Stephen Dalton, The Hollywood Reporter


«Um filme urgente de uma grande intensidade cinematográfica, e que dificilmente poderia ser mais oportuno» - Screen International


«Um empolgante thriller feito de atos heroicos e sacrifícios em busca de um mundo mais justo» - Visão


«Um muro no estômago (...) é um filme nervoso, ágil, que capta o medo e a raiva de ver um país de futuro a ser puxado para o passado, e que tem um trunfo extraordinário no carisma quase místico de Seu Jorge, perfeito no papel» - Público


«Não é um filme de ação, em rigor nem é um filme político, é apenas o retrato caloroso dos últimos anos de um combatente» - Expresso



Seleção de crítica: por João Miranda, in c7nema.


Marighella: resistir e derrubar ideologia de ódio


“É difícil ver esta obra agora, em pleno regime de Bolsonaro, e não pensar que foi feito em reacção a ele, mas, curiosamente, começou a ser feito ainda na altura do impeachment da Dilma, quando os movimentos de direita ainda começavam a organizar-se. Não sendo o primeiro filme sobre Marighella (até Chris Marker fez uma curta sobre ele), este é o primeiro a fazê-lo sob a forma de ficção e o primeiro a ser feito num clima político cuja aversão a ele levou a várias acções organizadas (ainda agora a pontuação no IMDB está nos 3.6 de 10, com alguns milhares de votos) e tem-se visto afetado por vários problemas de distribuição, a ponto de a data de estreia no país de origem já ter sido adiado algumas vezes.


Sendo este um filme político (que procura uma reacção social), não é sobre política (pelo menos, não sobre ideias). Na verdade, também não é sobre a vida de Marighella ou sobre as pessoas à sua volta, e toma várias liberdades artísticas para pintar, mais do que as razões para os seus actos, a resistência a um regime brutal. Ao final de mais de duas horas e meia, parece preocupado em esclarecer alguns mitos sobre a pessoa, mas simplifica outros elementos, não sendo completamente percetível para quem não conheça muito da história. Mas, acima de tudo, Wagner Moura parece querer fazer um filme de ação, com uma câmera handheld nervosa e sequências de atos ousados.


No Brasil atual, com a extrema-direita no poder e a conseguir encontrar ressonância até nas camadas mais pobres da população, este é um filme importante. Mais importante do que estar a tentar debater a razão da luta armada ou se o Comunismo será alcançável pela via democrática, é importante dar um primeiro passo de resistir e derrubar esta ideologia de ódio que alimenta o crescimento da extrema-direita em tantos países. Este filme parece ter esse objectivo e, só por isso, é recomendável.”



+Crítica: Diário de Notícias-entrevista, cinema7arteCinEuphoria, Adorocinema, Público-entrevista, Hollywood Reporter, Screen Daily, Dirty Movies.



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