19 novembro 2020

Quinta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1518


O Paraíso, Provavelmente

Título original: It Must Be Heaven


De: Elia Suleiman

Com: Elia Suleiman, Tarik Kopty, Kareem Ghneim

Género: Comédia

Classificação: M/12

Outros dados: ALE/FRA/Turquia/CAN/Palestina/Qatar, 2019, 102 min.



SINOPSE

Elia Suleiman, realizador e protagonista desta história, deixa a Palestina e aventura-se pelo mundo, certo da necessidade de uma mudança na sua vida. Contudo, por mais distante que esteja da sua terra natal, a verdade é que parece que tudo faz questão de lhe lembrar de onde vem: a polícia, os agentes de controlo de fronteiras, as várias manifestações de racismo ou os olhares de estranheza que desperta nos outros. Apesar dos constantes esforços em deixar para trás o passado e iniciar uma nova vida, nada parece resultar, uma vez que tudo o remete para as suas origens. (Fonte: Público)


Um conto burlesco que explora a identidade, a nacionalidade e a pertença, no qual Suleiman coloca uma questão fundamental: onde nos podemos sentir "em casa"?



Prémios e Festivais:

Festival de Cannes (2019) - Seleção oficial e Prémio Fipresci


 

Rotten Tomatoes - 95%

Time Out ★★★★

Insider ★★★★

c7nema ★★★★


Notas da Crítica:


«Uma filmografia em que desencanto e humor andam de mãos dadas.» - Cinemax-RTP


«Das cidades desertas às cargas policiais absurdas, o notável filme de Elia Suleiman, antecipou o tempo em que vivemos» - Francisco Ferreira, Expresso


«Um dos grandes filmes do ano chega por fim a Portugal, numa altura em que os confinamentos são cada vez mais diluídos na nossa realidade. Eis um cineasta fala-nos numa linguagem universal e burlesca (assim como este Mundo parece restringir-se).» - Hugo Gomes, c7nema


«Que paraíso é esse em que provavelmente se está? Ora, é o mundo global. O Paraíso, Provavelmente, nas salas a 2 de Julho, reclama o direito de um “cineasta palestiniano.» - Luís Miguel Oliveira, Público


«Elia Suleiman pode ser visto como um palestiniano moderado, e os seus filmes são sempre políticos mas num sentido doce. Existe no entanto um tema que se sobrepõe aos demais, e que vemos inscrito no nome de uma livraria que existe mesmo em Paris, a L’Humaine Comédie, situada na Île-de-France. É para isto que Elia Suleiman aponta a câmara, com uma encenação mais naturalista nuns momentos, e mais fantasiosa noutros. A comédia gerada pelas vidas banais que as pessoas levam todos os dias, em todas as partes do mundo.» - Ricardo Gross, À pala de Walsh



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Elia Suleiman, a solidão e a esperança


“Elia Suleiman a contemplar a pirâmide do Museu do Louvre... Curiosidade de turista? Não exactamente. A sua solidão cénica faz-nos deduzir que não estamos perante uma banal crónica de comportamentos. "O Paraíso, Provavelmente" é um filme sobre alguém — um cineasta da Palestina — que vive cada momento como a materialização desencantada, por vezes irresistivelmente bem humorada, de alguém que pertence a um povo, mas não tem um país.


Em boa verdade, toda a trajectória cinematográfica de Suleiman envolve esse paradoxo emocional que acaba por se revelar um elaborado método de encenação cinematográfica. Dito de outro modo: ele representa-se (enquanto intérprete de si próprio, se assim podemos dizer) como um ser em permanente deambulação, filmando uma errância existencial que atrai a fábula política — onde pertenço?


Depois de títulos como "Intervenção Divina" (2002) ou "O Tempo que Resta" (2009), "O Paraíso, Provavelmente" constitui, por certo, um dos objectos mais pessoais da filmografia de Suleiman, quanto mais não seja porque ele assume a personagem de um realizador que visita várias cidades, tentando concretizar um projecto cinematográfico... No limite, a viagem é o próprio projecto e o seu registo confunde-se com o filme a que estamos a assistir.


O efeito paradoxal de tal dispositivo envolve uma calculada distância (ou distanciação) em relação aos modos correntes de, mediaticamente, conhecermos o mundo e, em particular, as tensões entre Israel e Palestina. Dito de outro modo: "O Paraíso, Provavelmente" desafia-nos a olharmos e pensarmos para lá da aceleração "informativa" do nosso quotidiano, de algum modo vislumbrando uma hipótese de pacificação. Qual? Ninguém tem soluções mágicas para apresentar, mas este é um filme que, mesmo atravessado por muitas formas de amargura, não desiste da esperança — a esperança como valor existencial e instrumento político.”



+CríticaVisão, Insider, c7nema, Expresso, À pala de Walsh, DN, Time Out, Little White Lies, The Guardian.



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