24 fevereiro 2022

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1562


Inserido no programa do CORRENTES D’ESCRITAS


SESSÃO GRATUITA, com lugares marcados.

Informamos que os bilhetes já estão disponíveis para serem levantados e, por isso, recomendamos os sócios do Cineclube que efetuem com a devida antecedência.


O Ano da Morte de Ricardo Reis

Título original: O Ano da Morte de Ricardo Reis


De: João Botelho

Com: Victoria Guerra, Catarina Wallenstein, Luís Lucas, Marcello Urgeghe, Luísa Cruz

Género: Drama

Classificação: M/14

Outros dados: POR, 2020, 129 min.



SINOPSE

Depois de 16 anos a viver no Brasil, Ricardo Reis chega a Lisboa, debaixo de chuvas torrenciais, no dia 29 de Dezembro de 1935. Instalado no Hotel Bragança, na Rua do Alecrim, assiste ao desenrolar de um tempo particularmente sombrio na Europa, marcado pelos horrores do fascismo de Mussolini, pelos ideais nazis de Hitler, pela terrível Guerra Civil espanhola e, em Portugal, pelo autoritarismo salazarista do Estado Novo. Depois de uma visita à sepultura de Fernando Pessoa (Reis é, na realidade, uma personagem surgida da heteronímia de Pessoa), o fantasma do poeta faz uma série de aparições no quarto de Reis onde, durante meses, ambos se perdem em reflexões sobre a vida, o país e o mundo.


Escrito em 1984, por José Saramago, prémio Nobel da literatura em 1998, “O Ano da Morte de Ricardo Reis” é agora adaptado ao cinema por João Botelho ("A Corte do Norte", "Filme do Desassossego", "Os Maias" ou “Peregrinação”). Com o brasileiro Chico Díaz a encarnar Ricardo Reis e Luís Lima Barreto a assumir o papel de Fernando Pessoa, o elenco conta também com a participação de Catarina Wallenstein, Rui Morisson, Victoria Guerra, Marcello Urgeghe e Hugo Mestre Amaro. (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

Festival Efebo d’Oro 2021 - Melhor Filme da competição internacional

CinEuphoria Awards 2021 - Melhor Fotografia

Prémios Sophia 2021 - Melhor Fotografia e Melhor Direção Artística


Notas da Crítica:


«Por entre poetas, escritores, sombras e ilustradores» - Hugo Gomes, cinema7arte


«’O Ano da Morte de Ricardo Reis’ é uma obra única e magnífica de José Saramago, mas se existiria uma outra forma de contar este romance, igualmente única e magnífica, foi João Botelho que a desvendou.» - c7nema


«João Botelho constrói uma profundidade de campo em “O Ano da Morte de Ricardo Reis” que consegue gerar esse aspecto delirante, espectral, de constante suspensão, onde essa materialidade histórica é colocada não apenas como um cenário particular, mas parte desse assombro catalítico, onde o “poetificado” é esse cenário.» - Vertentes do Cinema



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Novas páginas do desassossego português


“De que falamos quando falamos da adaptação cinematográfica de um romance como "O Ano da Morte de Ricardo Reis"? Pois bem, num certo sentido, falamos de uma tarefa impossível. Literalmente. Porquê? Porque a escrita de José Saramago é uma matéria de tal modo específica que resiste a qualquer noção corrente de "transposição" ou "ilustração" — é preciso encará-la como um obstinado labor para lidar com a ilusória transparência do mundo.


É isso mesmo que faz João Botelho, obviamente demarcando-se das convenções mais ou menos televisivas, em todo o caso, banalmente académicas que encaram a literatura como mera coleção de "peripécias" que importa "reproduzir". Nada disso: "O Ano da Morte de Ricardo Reis" é um filme sobre um tempo — o ano, justamente, é 1936 — em que o século XX se transfigura através de factos como a consolidação do salazarismo ou, na Alemanha, o avanço do nazismo.


Daí a fascinante ambivalência do filme. Assim, por um lado, deparamos com referências muito concretas a tais convulsões; ao mesmo tempo, por outro lado, tudo acontece através de personagens que parecem existir num limbo dramático. Onde? Entre a dimensão física e a vida fantasmática.


Desde logo, Ricardo Reis (Chico Diaz), o heterónimo de Fernando Pessoa que, tal como no romance, ganha vida, regressando da sua vida imaginária no Brasil a uma Lisboa que parece suspensa no tempo, etérea e indecifrável. Depois, o próprio Pessoa (Luís Lima Barreto), ainda segundo Saramago, deambulando pelo universo dos vivos durante mais nove meses depois da sua morte. Enfim, personagens tocadas por assombramentos vários como Marcenda (Victoria Guerra), a jovem cuja mão paralisada parece pertencer já a uma região de onde não se regressa, a não ser, talvez, através do beijo casto que troca com Ricardo Reis...


Conhecendo a paixão criativa de Botelho pelo enfrentamento das mais diversas obras literárias (Charles Dickens, Almeida Garrett, Agustina Bessa-Luís...), talvez possamos dizer que "O Ano da Morte de Ricardo Reis" funciona como uma derivação temática do seu "Filme do Desassossego" (2010), reinventando Bernardo Soares/Fernando Pessoa.”



+Crítica: c7nema, Público, Vertentes do Cinema, cinema7arte, Nervos, Papo de Cinema.



17 fevereiro 2022

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1561


Benedetta

Título original: Benedetta


De: Paul Verhoeven

Com: Virginie Efira, Charlotte Rampling, Daphne Patakia

Género: Drama

Classificação: M/16

Outros dados: BEL/HOL/FRA, 2021, 131 min.



Baseado numa história real sobre uma freira do século XVII que se envolveu numa relação lésbica proibida com uma noviça. Mas são as chocantes visões religiosas de Benedetta que irão abalar os fundamentos da Igreja naquela altura.

SINOPSE

Itália, final do século XVII. Aos nove anos de idade, Benedetta foi entregue ao Convento de Madre de Deus, na localidade de Pescia, Toscana. Já adulta, com uma fé fervorosa, começa a ter visões da Virgem Maria e de Jesus Cristo, que acredita tê-la escolhido para sua noiva. Um dia, chega ao convento Bartolomea, uma jovem noviça que se torna companheira de cela de Benedetta e que a acompanha em todas as horas do dia. À medida que se conhecem, as duas tornam-se cada vez mais próximas, até surgir uma paixão carnal que vai contra todos os cânones da Igreja.


Estreado no Festival de Cinema de Cannes, e realizado por Paul Verhoeven ("Delícias Turcas", "Robocop - O Polícia do Futuro", "Soldados do Universo", "O Homem Transparente", "Livro Negro"), este drama erótico tem por base o livro biográfico “Atos Impuros” (1986), de Judith C. Brown sobre Benedetta Carlini (1590-1661). (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

Festival de Cannes 2021 - Seleção Oficial para Palma de Ouro

Festival de Nova Iorque 2021 - Seleção Oficial

Festival de San Sebastián 2021 - SeleçãoOficial

Césares 2022 - Nomeado para Melhor Atriz

10º Melhor filme do ano para os Cahiers du Cinéma



TOMATOMETER: 85%


Cahiers du Cinema ★★★★★

Positif ★★★★★

Público ★★★

RogerEbert ★★★



Notas da Crítica:


«Selvagem, emocionante, vibrante e provocador» - Deadline


«Violência, sexo e hipocrisia religiosa.» - The Hollywood Reporter


«Paul Verhoeven filma a sensualidade, mas também a violência, como poucos» - Hoje Vi(vi) Um Filme


«The beauty of Benedetta is that it never provides a straightforward answer to all of our questions, making it mostly a matter of faith.» - The Hollywood Reporter



Seleção de crítica: por Hugo Gomes, no SapoMag.


“As histórias de freiras “histéricas”, oferendas diabólicas à Santa Trindade, sempre alimentaram o imaginário da "Idade das trevas" medieval, mais tarde aproveitadas para fomentar um subgénero cinematográfico próprio, muito em voga os anos 70, o "nunsploitation". Mas “Benedetta”, com base num livro de Judith C. Brown, por sua vez inspirado em factos reais, é mais do que a exploração da sensualidade e depravação transmitida pelos hábitos das fiéis: esta é uma produção em permanente posição de ataque aos fundamentos da Igreja.


Se a ofensa é virtude, poderemos considerar que este filme é uma catapulta devastadora, até porque a sua heresia se dilui com uma atitude jocosa pela situação, pelas intrigas, pelas personagens e pela lascividade em símbolos religiosos. Esse efeito 'trash' é um retorno à sua natureza de um velho almirante destas águas, o holandês Paul Verhoeven, o anterior realizador de 'mau gosto' (“Robocop", “Instinto Fatal”), agora autor emancipado e celebrado com as graças do Espírito Santo da reavaliação da revista Cahiers du Cinéma.


É nos trajes da Idade Média, no medo constante das chamas infernais e dos prazeres carnais, que o realizador assenta mais uma demanda pela fantasia feminina, uma procissão saída do seu elogiado filme “Elle” e em confronto com a onda de conservadorismo na nossa sociedade (e isso não é só culpa dos círculos religiosos). Contudo, é na marcha contra a Igreja que as trevas de “Benedetta” cercam com uma pecaminosa satisfação, com especial atenção aos estandartes do Cristianismo: mártir e martirologia são destroçados, banhados em humilhação e distorcidos em sacrilégios.


É a profanação representada no corpo de Virginie Efira, que depois disto se torna estrela feita até fora do território francês, e na inocência ambígua da belga Daphne Patakia (“Nimic”), que estão as grandes virtudes deste filme disparatado, provocador, astuto e, sobretudo, respeitoso à velha alma 'verhoeviana' do seu realizador.”



+Crítica: Hoje Vi(vi) Um Filme, Público, Cenas de Cinema, IndieWire, RogerEbert, The Wrap.



10 fevereiro 2022

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1560


The Card Counter: O Jogador

Título original: The Card Counter


De: Paul Schrader

Com: Oscar Isaac, Tiffany Haddish, Tye Sheridan, Willem Dafoe

Género: Drama, Ação

Classificação: M/16

Outros dados: EUA/China/GB, 2021, 111 min.



SINOPSE

William Tell é um ex-militar com um grande talento para o jogo de cartas, a que se dedica quase obsessivamente de modo a manter o passado adormecido. Certo dia, é desafiado por uma enigmática investidora em jogos de azar, a competir no World Series of Poker, uma série de torneios de póquer realizada anualmente em Las Vegas. Mas tudo se complica quando Tell conhece Cirk, um jovem atormentado que lhe propõe um plano para se vingar de um homem que, por sinal, é também um velho inimigo seu.


Com Martin Scorsese como produtor executivo e Paul Schrader ("American Gigolo", "Vingança ao Anoitecer" ou “No Coração da Escuridão”) como realizador e argumentista, “The Card Counter - O Jogador” foi selecionado para competir no Festival de Cinema de Veneza. (Fonte: CineCartaz)


Prémios e Festivais:

Festival de Veneza - Selecção Oficial em Competição

Gotham Awards - Nomeado para Melhor Argumento e Melhor Ator

9º Melhor filme do ano para os Cahiers du Cinéma



The Guardian ★★★★

RogerEbert ★★★★

cinema7arte ★★★★

Público ★★★★

Slant Mag ★★★


TOMATOMETER: 86%


Notas da Crítica:


«Um dos melhores filmes estreados este ano [2021]» - Público


«Incrivelmente sombrio e irresistivelmente romântico.» - Cinemanía


«Claramente, um filme bem mais além do que apenas poker» - RogerEbert


«It’s a supremely compelling tale leavened by its wry humour and a subtle commentary on the essential emptiness of American life.» - Little White Lies


«The Card Counter is an uncomfortable, meditative movie about guilt, risk, retribution, and the way America operates. It's also an extraordinary example of Oscar Isaac's power.» - Thrilist



Seleção de crítica: por João Lopes, na RTP-Cinemax.


“Paul Schrader está na linha da frente de meio século de história do cinema americano, mas raras vezes é reconhecido, não apenas através da importância do seu trabalho como argumentista (Taxi Driver, Touro Enraivecido, etc), mas até pela simples extensão da sua filmografia — mais de duas dezenas de realizações, incluindo “American Gigolo" (1980), "A Felina" (1982) e "Auto Focus" (2002), este último um retrato de uma figura lendária da história da televisão americana (Bob Crane) que nunca chegou às salas portuguesas. 


"The Card Counter" é, como o título diz, um contador de cartas, quer dizer, alguém que, durante o poker, se habituou a contar as cartas que vão saindo, de modo a controlar o mais possível as possibilidades de ganhar o jogo. Através da sua odisseia, Schrader desenha, no fundo, uma parábola visceralmente americana: o contador de cartas é aquele que tenta redimir-se da violência que protagonizou, procurando uma pureza que o destino talvez não possa garantir-lhe. Estamos, assim, perante um filme que combina a crónica intimista com a parábola política, tudo servido por uma “mise en scène” de insuperável rigor.


Aspeto que, mais do que nunca, importa sublinhar é a notável composição de Oscar Isaac no papel central. Na verdade, as desventuras vividas no meio dos efeitos visuais mais ou menos ruidosos de "Star Wars" (no papel de Poe Dameron) estão muito longe de dar visibilidade aos seus dotes de representação.


Tal como acontece em "The Card Counter", ele é um ator capaz de expor a vulnerabilidade de uma personagem, aparentemente apresentando-a como alguém que controla em absoluto os seus atos e respetivas consequências. Este é, afinal, um filme sobre um homem em luta com um jogo em que faltam sair alguns trunfos — nas cartas e no labirinto dos desejos humanos.”



+Crítica: Magazine HD, c7nema, À pala de Walsh, Cinema7arte, SapoMag, RogerEbert, The Guardian, Slant Mag, MUBI.



03 fevereiro 2022

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1556


Crónicas de França

do Liberty, Kansas Evening Sun


Título original: The French Dispatch


De: Wes Anderson

ComBill Murray, Léa Seydoux, Timothée Chalamet, etc.

Género: Drama, Comédia

Outros dados: ALE/EUA, 2021, 108 min.



SINOPSE

Tudo acontece na fictícia cidade francesa de Ennui-sur-Blasé, numa época indeterminada do século XX. Arthur Howitzer Jr. funda as "Crónicas de França", um boletim semanal que se torna a voz da sua geração, ao abordar assuntos de variados tipos, desde política internacional, arte ou temas mais humanistas. Quando Howitzer morre repentinamente, seus amigos e colaboradores decidem publicar uma última edição da revista em jeito de homenagem.


O mais recente filme de Wes Anderson é uma homenagem paródica e nostálgica aos editores e jornalistas destemidos e aventurosos de revistas literárias similares a uma The New Yorker, ambientada numa fictícia cidade francesa no século XX. O realizador homenageia o espírito e o tipo específico de “editores de sonho” que davam aos seus escritores e colaboradores uma margem de liberdade que hoje em dia é praticamente uma miragem. 


O elenco é formado por um incontável número de estrelas: Bill Murray, Owen Wilson, Tilda Swinton, Jeffrey Wright, Frances McDormand, Timothée Chalamet, Léa Seydoux, Adrien Brody, Mathieu Amalric, Steve Park, Christoph Waltz, Liev Schreiber, Edward Norton, Saoirse Ronan, Willem Dalfoe,  Anjelica Huston e Elisabeth Moss, entre outros. (Fonte: CineCartaz)


Prémios e Festivais:

Festival de Cannes - Selecção Oficial em Competição



The Times ★★★★★

The Telegraph ★★★★★

The Upcoming ★★★★★


Notas da Crítica:


«Ode ao jornalismo» - Expresso


«It's marvelous from minute to minute.» - FilmWeek


«Brilhante… como uma bicicleta sem travões a passar num bazar apinhado» - Robbie Collin, The Telegraph


«Um dos mais frenéticos de entre as estreias alinhadas para este final de ano. E, para o ser, nem precisa de super-heróis. Glória, aleluia.» - MagazineHD


«Wes Anderson's Whimsical New Masterwork Is A Symphony Of Excess» - SlashFilm


«A homenagem do cineasta americano ao jornalismo, e em particular à revista The New Yorker, surge como um dos objetos de cinema mais esquisitos da sua era. Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun é Wes em ponto de rebuçado.» - Diário de Notícias



Seleção de crítica: por Manuel Halpern, na Visão.


Parem as máquinas que Wes Anderson tem um filme novo. "Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun" divide-se em três hilariantes histórias contadas a partir de uma newsmagazine imaginária


“Wes Anderson ganhou, com justiça, um estatuto de realizador de culto pela sua imaginação prodigiosa e a capacidade de nos envolver em universos muito próprios. Parece cada vez mais claro que essa sua capacidade parte de uma proximidade ao mundo da BD. Wes Anderson é como um cartoon pensante, digerindo uma linguagem mais próxima da animação que nos é devolvida sob o formato de imagem real. Isso é claro neste Crónicas de França… filme com um título comprido, que se inspira nos pioneiros do jornalismo e nos leva até uma imaginária cidade francesa. O próprio Evening Sun parece decalcado da revista New Yorker, mas os seus conteúdos são mais insólitos.


Anderson começa por criar este ambiente de comics em imagem real, com Bill Murray, sempre bem, como diretor de jornal, para depois, simplesmente, dividir o filme em três histórias. As histórias são uma espécie de best of dos artigos da newsmagazine, cada uma mais caricata do que a outra.


O filme é três vezes hilariante e a cada momento dá asas à imaginação de Anderson. Talvez a par de Um Peixe Fora de Água (2004), em que Bill Murray comanda uma expedição marítima à moda de Cousteau enquanto o marinheiro Seu Jorge interpreta, à viola, versões de Bowie em português, este é já um dos mais cativantes filmes do realizador. A primeira das histórias – de um homicida que se converte em génio da pintura, mas que nem por isso deixa de ser um louco – é, talvez, a mais brilhante. Nunca ouvimos Benicio del Toro rosnar tão bem.


Na segunda, brilha Frances McDormand. A atriz interpreta uma jornalista veterana que se envolve numa luta estudantil, ao estilo do Maio de 68, e acaba por corrigir e melhorar o manifesto. No final, há um policial fora do comum, com Jeffrey Wright e Mathieu Amalric, em que Anderson não resiste a substituir partes da ação por animações. Contas feitas, Crónicas de França… é um brilhante golpe de um realizador inventivo que sai dos parâmetros habituais, mantendo intacto o poder de sedução.”



+Crítica: MagazineHD, Diário de Notícias, Expresso, Sábado, Público, Time Out, cinema7arte, Variety, SlashFilm.



26 janeiro 2022

Quarta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1558


A Metamorfose dos Pássaros

Título original: A Metamorfose dos Pássaros


De: Catarina Vasconcelos

Género: Documentário, Biografia

Classificação: M/12

Outros dados: POR, 2021, 101 min.




SINOPSE

Misturando documentário e ficção, este filme parte da história da família de Catarina Vasconcelos, a realizadora, com especial foco na avó paterna, que nunca chegou a conhecer, e na própria mãe. Nas palavras da realizadora, este é um filme “sobre a mãe do meu pai. A minha mãe. As mães. As mães das mães. As mães das mães das mães. Mas também acerca de um determinado período histórico que eu não tinha vivido: um período tão distinto daquele que vivemos hoje e que temos o dever de não esquecer. É um grande privilégio viver em liberdade”.(Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

Festival de Berlim 2020 - Vencedor do Prémio FIPRESCI

Festival de Taipei 2020 - Vencedor do Prémio Especial do Júri

Festival de Vílnius 2020 - Prémio de Melhor Filme

DokuFest 2020 - Prémio de Melhor Filme

Caminhos do Cinema Português - Melhor Realização, Prémio Revelação e Prémio do Público

IndieLisboa 2020 - Melhor Realização (nacional )e Prémio do Público



Notas da Crítica:


«Uma das maiores surpresas de 2021» - Com. Cultura e Arte


«Um filme muito, mas mesmo muito bonito.» - Observador


«Um filme tremendamente bonito e delicado» - MUBI


«Filme secreto, íntimo, generoso na sua empatia, é um caso invulgar no cinema português.» - Expresso


«Filme-tributo e uma documentação da nossa própria existência.» - Adoro Cinema


«Catarina Vasconcelos consegue unir o experimental ao narrativo com sensibilidade e criatividade sem fim.» - Inês Moreira Santos



Seleção de crítica: por João Lopes, na RTP-Cinemax.


Em "A Metamorfose dos Pássaros", Catarina Vasconcelos revisita as memórias da sua família: o resultado é uma viagem intimista capaz de repensar, de forma envolvente, as relações entre o que se diz e o que é mostrado.


“Eis duas perguntas clássicas que o filme "A Metamorfose dos Pássaros", de Catarina Vasconcelos, nos faz reencontrar e, de alguma maneira, repensar:

1 — como definir a fronteira entre documentário e ficção?

2 — quais as possibilidades de relação (conjugação ou dissonância) entre as imagens e os sons?


Numa primeira resposta, deparamos com o gosto de uma liberdade formal, também ela clássica, mas nem sempre devidamente aproveitada. Aqui, pelo contrário, os resultados são sugestivos e envolventes: este é um filme que parte de um pressuposto documental — construir uma memória da família da própria realizadora — para ir acolhendo as vibrações dramáticas de uma pura ficção.


Depois, somos levados a reconhecer um outro princípio de liberdade formal que, em particular, alguns cineastas das novas vagas dos anos 60 (Godard, Resnais...) aplicaram de modo tão peculiar. A saber: a complementaridade de imagens e sons não resulta obrigatoriamente de qualquer "simultaneidade" informativa. No limite, tal simultaneidade pode resultar da uma calculada estranheza mútua — daí nascem, aliás, os momentos mais genuinamente cinematográficos de "A Metamorfose dos Pássaros", sustentado, em particular, pelo efeito coral das vozes que o habitam.


Como outras experiências da produção portuguesa recente (sobretudo no domínio das curtas-metragens), "A Metamorfose dos Pássaros" é um objecto que corre o risco de ser parasitado por um maneirismo que, em última instância, mesmo involuntariamente, ameaça desvalorizar personagens e situações. Felizmente, esse risco vai sendo superado por um risco maior: tratar a pura intimidade como cenário de um teorema de palavras e silêncios, emoções e afetos.”



+Crítica: c7nema, Hoje Vi(vi) Um Filme, A pala de Walsh, Cinema7arte, Magazine HD, Com.Cultura e Arte, Adoro Cinema, MUBI.