17 fevereiro 2022

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1561


Benedetta

Título original: Benedetta


De: Paul Verhoeven

Com: Virginie Efira, Charlotte Rampling, Daphne Patakia

Género: Drama

Classificação: M/16

Outros dados: BEL/HOL/FRA, 2021, 131 min.



Baseado numa história real sobre uma freira do século XVII que se envolveu numa relação lésbica proibida com uma noviça. Mas são as chocantes visões religiosas de Benedetta que irão abalar os fundamentos da Igreja naquela altura.

SINOPSE

Itália, final do século XVII. Aos nove anos de idade, Benedetta foi entregue ao Convento de Madre de Deus, na localidade de Pescia, Toscana. Já adulta, com uma fé fervorosa, começa a ter visões da Virgem Maria e de Jesus Cristo, que acredita tê-la escolhido para sua noiva. Um dia, chega ao convento Bartolomea, uma jovem noviça que se torna companheira de cela de Benedetta e que a acompanha em todas as horas do dia. À medida que se conhecem, as duas tornam-se cada vez mais próximas, até surgir uma paixão carnal que vai contra todos os cânones da Igreja.


Estreado no Festival de Cinema de Cannes, e realizado por Paul Verhoeven ("Delícias Turcas", "Robocop - O Polícia do Futuro", "Soldados do Universo", "O Homem Transparente", "Livro Negro"), este drama erótico tem por base o livro biográfico “Atos Impuros” (1986), de Judith C. Brown sobre Benedetta Carlini (1590-1661). (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

Festival de Cannes 2021 - Seleção Oficial para Palma de Ouro

Festival de Nova Iorque 2021 - Seleção Oficial

Festival de San Sebastián 2021 - SeleçãoOficial

Césares 2022 - Nomeado para Melhor Atriz

10º Melhor filme do ano para os Cahiers du Cinéma



TOMATOMETER: 85%


Cahiers du Cinema ★★★★★

Positif ★★★★★

Público ★★★

RogerEbert ★★★



Notas da Crítica:


«Selvagem, emocionante, vibrante e provocador» - Deadline


«Violência, sexo e hipocrisia religiosa.» - The Hollywood Reporter


«Paul Verhoeven filma a sensualidade, mas também a violência, como poucos» - Hoje Vi(vi) Um Filme


«The beauty of Benedetta is that it never provides a straightforward answer to all of our questions, making it mostly a matter of faith.» - The Hollywood Reporter



Seleção de crítica: por Hugo Gomes, no SapoMag.


“As histórias de freiras “histéricas”, oferendas diabólicas à Santa Trindade, sempre alimentaram o imaginário da "Idade das trevas" medieval, mais tarde aproveitadas para fomentar um subgénero cinematográfico próprio, muito em voga os anos 70, o "nunsploitation". Mas “Benedetta”, com base num livro de Judith C. Brown, por sua vez inspirado em factos reais, é mais do que a exploração da sensualidade e depravação transmitida pelos hábitos das fiéis: esta é uma produção em permanente posição de ataque aos fundamentos da Igreja.


Se a ofensa é virtude, poderemos considerar que este filme é uma catapulta devastadora, até porque a sua heresia se dilui com uma atitude jocosa pela situação, pelas intrigas, pelas personagens e pela lascividade em símbolos religiosos. Esse efeito 'trash' é um retorno à sua natureza de um velho almirante destas águas, o holandês Paul Verhoeven, o anterior realizador de 'mau gosto' (“Robocop", “Instinto Fatal”), agora autor emancipado e celebrado com as graças do Espírito Santo da reavaliação da revista Cahiers du Cinéma.


É nos trajes da Idade Média, no medo constante das chamas infernais e dos prazeres carnais, que o realizador assenta mais uma demanda pela fantasia feminina, uma procissão saída do seu elogiado filme “Elle” e em confronto com a onda de conservadorismo na nossa sociedade (e isso não é só culpa dos círculos religiosos). Contudo, é na marcha contra a Igreja que as trevas de “Benedetta” cercam com uma pecaminosa satisfação, com especial atenção aos estandartes do Cristianismo: mártir e martirologia são destroçados, banhados em humilhação e distorcidos em sacrilégios.


É a profanação representada no corpo de Virginie Efira, que depois disto se torna estrela feita até fora do território francês, e na inocência ambígua da belga Daphne Patakia (“Nimic”), que estão as grandes virtudes deste filme disparatado, provocador, astuto e, sobretudo, respeitoso à velha alma 'verhoeviana' do seu realizador.”



+Crítica: Hoje Vi(vi) Um Filme, Público, Cenas de Cinema, IndieWire, RogerEbert, The Wrap.



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