09 junho 2021 (QUA - véspera de feriado)

Quarta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1531


Nomadland - Sobreviver na América

Título original: Nomadland


De: Chloé Zhao

Com: Frances McDormand, David Strathairn, Linda May, Angela Reyes, Patricia Grier

Género: Drama

Outros dados: ALE/EUA, 2020, 107 min.



SINOPSE

Depois de décadas a trabalhar numa empresa de materiais de construção, Fern, de 60 anos, é despedida. Sem nada que a prenda à pequena cidade do Nevada onde sempre viveu com o seu falecido marido, resolve vender todas as suas posses e fazer-se à estrada. Ao longo do caminho, vai-se cruzando com nómadas como ela, que lhe ensinam várias técnicas de sobrevivência e cuja amizade e generosidade vai alterar a sua forma de olhar o mundo.


Um filme dramático escrito e realizado pela chinesa Chloé Zhao, tem por base “Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century” (2017), um livro autobiográfico onde Jessica Bruder conta a sua história. McDormand contracena com o ator David Strathair e também com Linda May, Swankie e Bob Wells, três nómadas na vida real que se representam a si mesmos. (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

ÓSCARES 2021: Vencedor de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz

BAFTA 2021: Vencedor de Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Atriz, Melhor Fotografia

Ind. Spirit Awards: Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Edição, Melhor Fotografia

Golden Globes 2021: Vencedor de Melhor Filme e Melhor Realização

Festival de Veneza: Vencedor de Melhor Filme

Festival de Toronto: Vencedor do Prémio do Público ,para a realizadora Chloé Zhao



Total Film ★★★★★

Time Out ★★★★★

The Guardian ★★★★★

Empire Magazine ★★★★★

The Daily Telegraph ★★★★★

Evening Standard ★★★★★

Roger Ebert ★★★★

Diário de Notícias ★★★★

Cinemax-RTP ★★★★

Com. Cultura e Arte ★★★★

Público ★★



Notas da Crítica:


«A miracle of a movie.» - Empire Magazine


«Extraordinário. Nomadland pode simplesmente mudar a sua vida.» - Evening Standard


«Retrato de uma América marcada pela crise económica, nunca reduzindo as suas personagens a figuras banalmente pitorescas.» - João Lopes, DN


«A star performer carried an entire film through wordless looks and glances.» - The Times


«Life on the road has never been so tenderly captured, politically alive and profoundly moving.» - Empire Magazine



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Uma viagem sem fim


"Fuga sem Fim": assim se chamou entre nós o belíssimo filme "Running on Empty" (1988), de Sidney Lumet, um dos grandes papéis de River Phoenix. Nele encontrávamos uma família que, devido aos problemas dos pais com a justiça, ia viajando por diversas zonas dos EUA: era ainda uma América que, para lá das suas tragédias interiores, possuia um apelo mítico intocável...


Dir-se-ia que as personagens de "Nomadland" (subtítulo português: "Sobreviver na América") já não podem herdar tal mitologia. Não porque sejam foragidas. Antes porque essa América imensa e disponível já não existe como corpo redentor. Em boa verdade, Fern — a magnífica Frances McDormand — e as figuras com que se vai cruzando são isso mesmo que o título define: nómadas que circulam por um país onde, pelo menos para eles, já não parece existir um lugar para viver.


Chloé Zhao, a realizadora chinesa que vive nos EUA, filma tudo isso, não exatamente como uma narrativa de "causas" e "efeitos", antes como uma coleção de fragmentos tecidos de solidão, por vezes pontuada por encontros mágicos — são histórias de pessoas que tentam superar os efeitos da crise de 2008, afinal vivendo em paz com a sua própria opção de, entre empregos precários, continuar a viajar.


"Nomadland" define-se, assim, a partir de um desejo de realismo paisagístico que coexiste com a metódica exposição dos sentimentos mais secretos das suas personagens. Não é um retrato "sociológico", mas também não funciona como painel "psicológico" — estamos perante uma narrativa que, cúmplice da errância das suas personagens, se constrói também como a procura de uma alternativa para a tarefa primordial de conhecer o mundo. Agora, todas as fronteiras são interiores.



+Crítica: DN, Hoje Vi(vi) Um Filme, Comunidade Cultura e Arte, Always Good Movies, RogerEbert, The Guardian, New York Times.


Sem comentários: