Quarta-feira | 19h | Cine-Teatro Garrett
Sessão #1530
Título original: Druk (Another Round)
De: Thomas Vinterberg
Com: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe
Género: Comédia Dramática
Outros dados: SUE/DIN/HOL, 2020, 117 min.
SINOPSE
Segundo a teoria de um filósofo sueco, nascemos com um défice de álcool no sangue de 0,5 por cento, o que nos faz carregar uma certa melancolia. Para resolver o “problema”, sugere que se consuma diariamente a dose de álcool em falta e assim encontrar o equilíbrio. Quatro professores de um liceu decidem testar a teoria e começam a beber todos os dias. O resultado é positivo. Eles sentem-se bastante mais felizes, desinibidos e corajosos, o que os ajuda tanto nas suas relações pessoais como profissionais. Mas quando Martin desafia os companheiros a beber mais um pouco de maneira a maximizarem os efeitos, as coisas depressa ficam fora de controlo.
Uma comédia dramática sobre diversão e vício, realizada por Thomas Vinterberg ("A Festa", "Querida Wendy", "A Caça", “A Comuna”). (Fonte: CineCartaz)
Prémios e Festivais:
OSCAR 2021: Vencedor de Melhor Filme Internacional (Nomeado para Melhor Realização)
BAFTA 2021: Vencedor de Melhor Filme (não falado em inglês)
CESAR 2021: Vencedor de Melhor Filme Estrangeiro (não francês)
European Film Awards: Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Ator, Melhor Argumento
Golden Globes 2021: Nomeado de Melhor Filme Internacional
Festival de Londres: Vencedor do Prémio do Público para Melhor Filme
Festival de Cannes: Seleção Oficial em Competição.
Time Out ★★★★
c7nema ★★★★
The Independent ★★★★
MagazineHD ★★★
Notas da Crítica:
«Irresistível.» - Fionnuala Halligan, Screen Daily
«Intoxicante» - Stephen Dalton, The Hollywood Reporter
«A melhor performance de Mads Mikkelsen em anos.» - Eric Kohn, IndieWire
«Audaciously provocative and wickedly funny...» - Chicago Times
«It's energetic, attentively shot and exceedingly well acted - which is impressive because it's so easy to overdo playing drunk.» - NPR
Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.
Os laços sociais sob o efeito do álcool
“Mesmo sem especial entusiasmo pelo labor especificamente cinematográfico de um filme como "Mais uma Rodada", de Thomas Vinterberg, é forçoso reconhecer-lhe a intensidade de um muito básico desencanto. Dito de outro modo: este não é exatamente um filme sobre o "tema" do alcoolismo, antes uma constatação da existência de uma verdadeira cultura do álcool.
Na verdade, o retrato do professor Martin (Mads Mikkelsen, apenas a gerir a irrecusável imponência da sua figura) não é exatamente a saga de "um" homem dependente do álcool, antes o sintoma de um modo de consumo realmente transversal — entre gerações e diferentes lugares sociais. Nesta perspetiva, "Mais uma Rodada" poderá ser definido como (mais) uma variação sobre aquele que me parece continuar a ser o título mais consistente da filmografia de Vinterberg: "A Festa" (1998).
Por um lado, há em Vinterberg uma agilidade visual que já se transformou num efeito de assinatura: trata-se de filmar como se se estivesse "apenas" a registar o jogo de improvisos dos atores (o que, entenda-se, não deixa de gerar momentos interessantes). Por outro lado, a "mensagem" das suas narrativas tornou-se um cliché: em última instância, a deriva individual é apenas a expressão das ilusões do coletivo.
Um conto moral, enfim: o cepticismo de um filme como "Mais uma Rodada" funciona como espelho ambíguo de um tempo (o nosso, obviamente) em que nos satisfazemos com a contemplação catártica daquilo, ou daqueles, que "multiplicam" os equívocos e limites dos nossos laços sociais. Nesta perspetiva, ao testarem os limites da sua própria resistência ao álcool, Martin e os outros professores, seus colegas, funcionam como simulacros da nossa descrença no coletivo — mesmo tocando em alguma verdade, o cinema que os encena parece igualmente iludido pela sua própria vertigem.”
+Crítica: Visão, Cinema7arte, Magazine HD, c7nema-entrevista, El Pais-Brasil, Time Out, RogerEbert, Sight & Sound.
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