28 outubro 2021

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1548


O Pecado

Título original: Il Peccato


De: Andrei Konchalovsky

Com: Adriano Chiaramida, Yuliya Vysotskaya, Orso Maria Guerrini, Alberto Testone

Género: Drama, Biografia

Classificação: M/12

Outros dados: RUS/ITA, 2019, 134 min.




SINOPSE

Com realização e argumento de Andrey Konchalovskiy, este é um retrato de Michelangelo na sua relação com o seu trabalho, particularmente, com a pedra - o mármore branco - do qual nasceram algumas das maiores obras artísticas do mundo, tais como a sublime estátua de David. (Fonte: Festa do Cinema Italiano)



Prémios e Festivais:

Festival de Roma - 

Festival do Cairo - 

Nika Awards - Vencedor de Melhor Fotografia, Melhor Guarda-Roupa, Melhor Produção



The Guardian ★★★★

Eye For Film ★★★★

Corriere Della Sera ★★★★

Il Fatto Quotidiano ★★★★

Slant Mag ★★★



Notas da Crítica:


«Miguel Ângelo entre a beleza divina e o inferno de Dante» - Inês Lourenço, Diário de Notícias


«Um fascinante retrato de Miguel Ângelo.» - Screendaily


«Sin Gives Vibrant Expression to the Paradox of Michelangelo’s Art» -  SlantMag


«Mordant and furiously energetic... This is how you make a film about artistic heroism without a hero.» - The Nation


«An austere, demanding sit, “Sin” nevertheless has a stubborn integrity... The film finds its pulse, and an image that captures the magnitude of the artist’s obsession, when Michelangelo takes on the Herzogian task of conveying an intact block of marble from a vertigo-inducing quarry in Carrara to lower ground.» - The New York Times 



Seleção de crítica: por Inês Lourenço, no Diário de Notícias.


Um filme em que a arte é coisa mundana. Sin - O Pecado, de Andrei Konchalovsky, não é um biopic do homem da Renascença italiana, mas uma meditação sobre os contrastes do artista atormentado que não chegava para as encomendas.


Interpretado por Alberto Testone, quase com a mesma garra com que Kirk Douglas interpretou Vincent van Gogh, o escultor de David e da Pietà encontra-se aqui na condição de um génio serviçal, com muitos demónios ativos e mais encomendas do que aquelas que é capaz de levar até ao fim. "Cada um dos meus projetos vai para além do limite das minhas forças", diz a certa altura. E é ainda enquanto trabalha a pintura no teto da Capela Sistina que testemunhamos o fervor que punha em cada obra, segundo rezam as crónicas, ignorando o sono, as refeições e o banho... Forçado a dar como terminado esse trabalho que o ocupou durante quatro anos, Miguel Ângelo sai da capela em pânico com a ideia de ter ali uma obra menor. Mas quando um dos seus aprendizes lhe traz a notícia de que o Papa Júlio II considera os frescos uma obra "divina", sabemos que o divino é um caminho com muito de inferno terreno.


Em pano de fundo de O Pecado está a rivalidade entre os Della Rovere e os Médici, duas famílias influentes no início século XVI, com Miguel Ângelo pelo meio, a fazer equilibrismo. Assim que Júlio II morre, o artista deve dedicar-se às dezenas de esculturas que irão adornar o mausoléu (nunca concluído) desse membro dos Della Rovere. Mas, apesar do compromisso, assim que é solicitado pelo novo Papa no Vaticano, Leão X, do clã Médici, não se sente capaz de recusar a encomenda da fachada da Basílica de São Lourenço. Uma atitude que tem tanto de ganância workaholic (não queria que Rafael ficasse com o serviço) quanto de vaidade e orgulho desmedidos. A sua única condição era que o deixassem trabalhar sozinho.


A abordagem de Konchalovsky desta ideia de grandeza não é, em todo o caso, um mero sublinhar daquilo que "o monstro" de mármore simboliza. A sua justa consciência pictórica está por toda a parte, em cada plano que, por um lado, escapa ao efeito mimético da pintura da época, e, por outro, capta a Renascença italiana através das ruas mais escuras e sujas. Um olhar que expulsa qualquer réstia de romantismo, sem deixar de procurar no contraste bíblico e dantesco de Miguel Ângelo a inquietação da genialidade. Estamos a falar de alguém que sabia de cor a primeira parte de A Divina Comédia de Dante: O Inferno.”



+Crítica: Público, ABC-entrevista, Eye for Film, Screen Daily, The New York Times, Slant Magazine.



Sem comentários: