04 novembro 2021

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1549


Funeral de Estado

Título original: State Funeral


De: Sergei Loznitsa

Género: Histórico, Documentário

Classificação: M/12

Outros dados: HOL/Lituânia, 2019, Cores, 135 min.




SINOPSE

Março de 1953. Depois de 30 anos a governar a União Soviética sob um regime ditatorial, Joseph Estaline morreu. Nos dias imediatamente a seguir, os membros do comité do Partido Comunista, outrora fiéis seguidores do ditador, revelam a sua sede de poder. Nas ruas, durante as cerimónias fúnebres, centenas de milhares de pessoas surgem devastadas pela partida do ditador. 


Exibido no Festival de Cinema de Veneza, “Funeral do Estado” conta com assinatura do aclamado realizador bielorusso Sergei Loznitsa, que mostra imagens inquietantes de um povo que, apesar de ter vivido décadas de submissão e terror, se deixou enganar pelo culto à personalidade de Estaline, promovido pela máquina política soviética. (Fonte: CineCartaz)



Prémios e Festivais:

Festival de Veneza

Festival de Toronto

IndieLisboa


The Guardian ★★★★

Eye For Film ★★★★

Público ★★★★

RogerEbert ★★★


Notas da Crítica:


«The Best film of the year» - Artforum


«Uma revelação… impossível esquecer.» - Little White Lies


«Épico… uma profunda reflexão sobre o culto da personalidade de um ditador.» -  Screen International


«A work of archival ambition and psychological ambiguity, as much about obedience as it is a visually stunning time capsule» - The Washington Post


«The tone of “State Funeral” is more meditative than admonitory. It contemplates the Soviet state at almost the exact midpoint of its existence, illuminating the faces of those who lived there and at the same time reckoning with the dead weight of history.» - The New York Times 



Seleção de crítica: por João Lopes, no RTP-CINEMAX.


A política, a ditadura e o seu teatro


“O menos que se pode dizer de "Funeral de Estado", de Sergei Losznitsa, é que se trata de um objeto documental que aplica uma estratégia narrativa rara. A saber: em vez de produzir elementos descritivos ("documentais", precisamente), todo o filme é construído a partir de materiais que não foram filmados pelo realizador, neste caso as "atualidades" soviéticas sobre o funeral de Josef Estaline, em março de 1953, obtidas pelos serviços de propaganda do Partido Comunista da URSS.


Loznitsa segue um método semelhante ao de Andrei Ujica, em "Autobiografia de Nicolae Ceausescu" (2010): acompanhamos os eventos públicos metodicamente organizados pelo aparelho de Estado soviético, desde o anúncio da morte do ditador até à caminhada da multidão a contemplar as flores acumuladas na Praça Vermelha, passando pelos discursos dos responsáveis do partido.


Assistimos, assim, a um verdadeiro teatro político, tanto mais impressionante quanto tudo acontece perante a silenciosa quietude de multidões literalmente geridas pela propaganda do Estado comunista — são múltiplos painéis de rostos, escutando um discurso tendencialmente religioso, santificando Estaline (e não há qualquer exagero na utilização da noção de santificação).


O documento é tanto mais impressionante quanto, poucos anos depois, em 1956, o 20º Congresso do Partido Comunista viria denunciar o "culto da personalidade" de Estaline, dando a conhecer o trágico inventário de milhões de mortos causados pelos seus métodos. Ou como o cinema sabe revisitar o património simbólico das imagens, ajudando-nos a compreender as convulsões da história.”



+Crítica: MUBI, Público, Hoje vi(vi) um Filme, Magia do RealEye For Film, RogerEbert, The Guardian, Slant Magazine, Sight&Sound.



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