16 setembro 2021

Quinta-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1543


O Movimento das Coisas

Título original: O Movimento das Coisas


De: Manuela Serra

Género: Documentário

Classificação: M/12

Outros dados: POR, 1985, Cores, 85 min.




SINOPSE

"O Movimento das Coisas" é um dos filmes mais curiosos que nas décadas de setenta e oitenta abordaram o universo rural do norte português. Começado a desenvolver no interior da Cooperativa VirVer, em cujos projetos Manuela Serra trabalhou durante vários anos, só seria concluído algum tempo depois. Contudo, tudo aquilo que terá sido a razão de ser da maior parte dos outros filmes documentais, sobretudo etnográficos, parece ter sido aqui depurado, senão eliminado, gerando outros sentidos.



PRESS-kit de "O Movimento das Coisas"



Especial Cine-Tendinha #401



Diário de Notícias-João Lopes ★★★★★

Diário de Notícias-Rui Tendinha ★★★★

Diário de Notícias-Inês Lorenço ★★★★

Time Out ★★★



Notas da Crítica:


«Uma joia perdida» - Manuel Halpern, Visão


«Um objeto singular e fascinante do cinema português» - João Lopes, Diário de Notícias


«Nunca estreado mas objeto de devoção ao longo dos anos» - Público


«Afirmo sem receio de apedrejamentos, que duvido, até à data, que haja mais belo filme sobre o campo que este filho único de Serra. Tão único como a porcelana pintada à mão do qual a anciã consome a sua “sopa tinta improvisada”.» - Hugo Gomes, SapoMag



Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


Para lá do documentário e da ficção


“A data de um filme não esclarece a sua identidade, mas há factos objetivos que importa não escamotear. No caso de "O Movimento das Coisas", de Manuela Serra, é inevitável começarmos por dizer que a sua chegada às salas de cinema ocorre 36 anos depois da sua conclusão...


Este é, de facto, um filme de 1985 que arrasta, por isso, uma certeza amarga: o cinema português continua a viver assombrado por percalços deste género — o problema da sua difusão colocava-se em 1985 e, como se prova, continua a ser assunto de reflexão em 2021. 


Dito isto, creio que importa também sublinhar a irredutibilidade do objeto que, finalmente, temos à nossa frente. Assim, é verdade que existe uma tradição documental etnográfica no cinema português e face a "O Movimento das Coisas", o nosso primeiro impulso será o de inscrevermos a sua depurada beleza em tal tradição — não será um erro, mas parece-me que é manifestamente insuficiente.


Se há filmes que nos ajudam a repensar as fronteiras clássicas entre documentário e ficção, "O Movimento das Coisas" é um desses filmes. De que se trata, então? De uma deambulação por cenários da aldeia de Lanheses, na zona de Viana do Castelo, registando as tarefas quotidianas dos seus habitantes, alguns momentos da sua vida caseira e também, em particular, os seus rituais religiosos.


Tudo isso, podendo ser definido como documental, vai-se transfigurando em qualquer coisa de eminentemnte poético — como se cada quadro de vida fosse também uma ficção abstrata em que podemos contemplar um mistério que fica sempre por esclarecer. Daí o paradoxo fascinante: "O Movimento das Coisas" é uma memória de um tempo outro, sem que isso o impeça de ser um facto capaz de desafiar o nosso entendimento presente do próprio cinema como acontecimento e linguagem.”



+Crítica: Diário de Notícias, À pala de Walsh, Visão, Público, iOnline, SapoMag, Luzlinar, MutanteRaquel Schefer.



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