30 setembro 2020

QUARTA-feira | 21h45 | Cine-Teatro Garrett

Sessão #1511


Retrato de uma Rapariga em Chamas

Título original: Portrait de la Jeune Fille en Feu


De: Céline Sciamma

Com: Noémie Merlant, Adèle Haenel, Luàna Bajrami

Género: Drama

Classificação: M/12

Outros dados: FRA, 2019, 121 min.



SINOPSE

França, finais do século XVIII. Marianne (Noémie Merlant) tem como tarefa fazer um retrato de Héloïse (Adèle Haenel), uma jovem aristocrata acabada de sair do convento. A pintura será posteriormente oferecida ao homem a quem ela foi prometida. Inconformada com um casamento que não deseja, Héloïse recusa-se a posar. Por esse motivo, Marianne finge ser sua dama de companhia, absorvendo cada detalhe durante o dia. À noite, em segredo, vai construindo a imagem que retém da jovem noiva. Esses momentos vão criar uma forte intimidade entre as duas, cuja proximidade forçada acaba por se transformar em amor.


Apresentado em competição no Festival de Cinema de Cannes, onde recebeu o prémio de Melhor Argumento e a Queer Palm, um drama histórico escrito e realizado por Céline Sciamma ("Maria-Rapaz", "Bando de Raparigas"). (Fonte: Público)


Prémios e Festivais:

Golden Globe 2020 - nomeado para Melhor Filme de língua estrangeira

Césares 2020 - vencedor de Melhor Fotografia, nomeado para 10 categorias

Cannes 2019- nomeado para Palma de Ouro, vencedor de Melhor argumento e Palma queer 

European Film Awards - Nomeado para 3 categorias, vencedor de Melhor Argumento



RogerEbert ★★★★

Diário de Notícias ★★★★

Observador ★★★★

c7nema.net ★★★★

Expresso ★★★



Notas da Crítica:


«Uma inesquecível e devastadora história de amor» - Indiewire


«Um drama enigmático, sobejamente elegante. Que história de desejo» - The Guardian


«Uma inesquecível e devastadora história de amor»  - Indiewire


«Vencedor do Prémio de Argumento no Festival Cannes, este filme de época de Céline Sciamma é inteligente, elegante e sugestivo, e contidamente erótico.» - Observador




Seleção de crítica: por João Lopes, no Cinemax-RTP.


A pintura e a pose, numa palavra, o amor


“Dir-se-ia que entre pintura e cinema sempre existiu um jogo de sedução que já deu origem a filmes tão invulgares como "A Bela Impertinente", de Jacques Rivette, ou "Van Gogh", de Maurice Pialat (ambos franceses, ambos de 1991). No caso de "Retrato da Rapariga em Chamas" — distinguido em Cannes/2019 com o prémio de argumento —, dir-se-ia que a perturbação da pintura começa no seu valor de troca.


Troca de quê? Ou para quê? Pois bem, no sentido de um contrato conjugal: em finais do século XVIII, Marianne chega a uma ilha da Bretanha para pintar o retrato de Héloïse, retrato esse que pode desempenhar um papel decisivo na consumação do casamento de Héloïse. Neste universo de predomínio do masculino, é no espaço do feminino que se decide a verdade dos desejos.


Acontece que nenhuma imagem, a começar pelo retrato de um ser humano, "reproduz" o que quer que seja. A sua figuração envolve sempre um elo, transparente ou inconsciente, entre aquele (ou aquela) que faz pose e aquele (ou aquela) que transforma essa pose em matéria visual. Dito de outro modo: no jogo de olhares que se instala, Marianne e Héloïse são tocadas pelo fogo do amor.


Céline Sciamma é uma cineasta dos enigmas passionais e, mais do que isso, da dimensão mais secreta das identidades sexuais — lembremos o seu magnífico "Tomboy/Maria-Rapaz" (2011). Agora, através do requintado contributo de Noémie Merlant e Adèle Haenel, respectivamente como Marianne e Héloïse, Sciamma encena qualquer "coisa" que escapa às regras correntes das alianças humanas, expondo a dimensão sobre-humana de uma entrega amorosa — cinema do visível, pressentimento do invisível.”



+Crítica: Expresso, À pala de Walsh, c7nema-1, c7nema-2, RogerEbert, Always Good Movies, Sight & Sound.




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